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135 anos de Sobral de São Miguel

Susete Ferreira

Arqueóloga

O Sobral é como a lua, podemos não estar a vê-la, mas sabemos que ela está ali.

Todo o sobralense sabe que ande por onde andar a sua pequena aldeia segue-o como a lua segue a Terra. O sobralense traz a sua aldeia no coração, sofre quando não a vê, fica “salamurdo” e “amonado”, mas enche-se de orgulho e brilho quando conta aos outros como é linda a sua terra.

Eu não sou exceção e sempre que o Sobral me vem ao pensamento partilho com outros a imagem de uma aldeia de gente generosa, forte e dura como o xisto, moldada pela dureza do trabalho no campo de geração em geração. Descrevo cada canto como se de uma ode se tratasse, é impossível ouvir sem querer visitar… Talvez por isso nestes 135 anos de Sobral de São Miguel a aldeia se tenha vindo a transformar para saber receber.

Recordo da minha infância caminhos de terra, seixo e cascalho, as paredes débeis e toscas, um curso de água poluído e os banhos de verão que depressa acabavam com uma maleita. Contudo, a felicidade era imensa e a comunidade plena de crianças convidava à traquinice. Arrisco-me a dizer que, apesar das dificuldades que poderiam existir, e de um ou outro infortúnio que levaram a um fim mais trágico, no Sobral nenhuma criança cresceu infeliz.

Com o tempo e como na generalidade das aldeias de Portugal, o Sobral foi-se despindo de pessoas e perdendo algum do seu brilho, quase se perderam as crianças e o campo foi sendo abandonado. Apesar de tudo e prova do seu encanto, uma lufada de ar fresco tem chegado a este cantinho que carinhosamente os sobralenses chamam de “Centro do Universo”. O turismo tem trazido visitantes, a aldeia tem-se regenerado fruto dos jovens corajosos que insistem em manter-se firmes e não abandonar a aldeia. As ruas e muros já não são toscos, a poluição deixou de existir, o xisto e a ardósia são os reis e novas abordagens são testadas por uma comunidade que mantém a sua essência mas aceita a modernidade. O Sobral é a nossa lua, que se mantenha neste quarto crescente por muitos mais anos.

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