A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, afirmou que não se compromete com uma nova redução do valor das portagens e foi anunciado para o primeiro trimestre de 2024 um serviço pendular ferroviário entre a Covilhã e o Fundão. Muitas pessoas fazem contas e optam por fazer as suas viagens de transportes públicos. Mas há quem não tenha essa possibilidade, principalmente devido à incompatibilidade de horários e de linhas existentes.
“A empresa paga-me as deslocações, mas os horários dos transportes não são compatíveis com o meu horário laboral”, quem o diz é Sara Caixinha, 31 anos, que divide o seu trabalho entre a Covilhã e o Fundão e é obrigada a deslocar-se no seu carro, devido à incompatibilidade dos horários dos transportes.
“Para além disso, a estação e a rodoviária também ficam distantes do meu local de trabalho”, adiciona Sara como mais uma razão para preferir usar transporte próprio nas suas deslocações.
A ministra da Coesão Territorial afirmou que a eliminação das portagens “está cada vez mais longe de ser uma possibilidade” e não se comprometeu com uma nova redução dos valores das mesmas. Com o valor das portagens e os aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis, que se revelam instáveis, algumas pessoas sentem cada vez mais a necessidade de optar pelos transportes públicos, de forma a economizarem, mas nem sempre isso é possível.
Ana Gonçalves, de 38 anos, vive na Covilhã e leciona em Castelo Branco. A professora conta que, tal como Sara, não tem alternativas ao uso do carro. “Não uso transportes por causa das minhas horas de entrada e de saída do trabalho”, explica. “Muitas das vezes, eu levo o meu transporte porque é mais cómodo, levo o meu material e chego mais rápido. Tenho mais comodidade, acima de tudo e principalmente pelos meus horários laborais”, considera.
Por outro lado, há quem opte por usar os transportes, pela poupança que estes representam. “Vou para Castelo Branco de autocarro, porque é muito mais barato, são 6 euros de bilhete e com esse valor nunca conseguiria pagar portagens e combustível”, opina Lara Esteves, de 23 anos.
Se os preços compensam, os horários dificultam a escolha dos utilizadores. Sara Carvalho, 22, vive na Enxabarda, uma aldeia do concelho do Fundão, estuda na Covilhã e trabalha no centro do Fundão. “Trabalho até às 21:00 e a essa hora, não só já não passam autocarros, como não tenho como ir até à estação, caso eles existissem”, esclarece.
A jovem revela que pensou em todas as hipóteses, mas estas revelaram-se escassas. “Equacionei imensos cenários, mas há sempre o problema da deslocação das estações até ao polo IV no Sineiro, onde estudo, ou das estações até ao trabalho ou até casa. Inclusive, ponderei levar o carro até meio caminho, mas continuaria a persistir um dos problemas. Nem em termos financeiros me compensaria, pois teria de ter três passes: um da Enxabarda até ao Fundão, outro do Fundão para a Covilhã e outro dentro da Covilhã, para chegar ao Sineiro”, elenca a estudante.
Raquel Martins, 22, tem o mesmo problema. “Eu sou de São Vicente da Beira, uma aldeia a 49 quilómetros da Covilhã. Não existem transportes públicos diretos para a minha aldeia, a opção seria ir para Castelo Branco e de Castelo Branco para São Vicente da Beira”, explica.
A viver em Penamacor está Maria do Carmo Alves, 18 anos, estudante na Universidade da Beira Interior e tem de fazer as suas viagens de carro, porque, segundo a jovem, “infelizmente não há autocarros da Covilhã para Penamacor, nem vice-versa”. “Para ir para Castelo Branco e depois ainda voltar para Penamacor fica mais caro, então acaba por não me compensar ir de transportes públicos”, diz a estudante.
Maria acrescenta ainda que “a paragem de comboios que diz Penamacor, na verdade é na Fatela, que ainda fica a cerca de meia hora de Penamacor. Então, por 15 minutos a mais, vou de carro”, termina.