Os responsáveis pela obra da central fotovoltaica da Quinta do Prazo, na Boidobra, intervenção que tem arrastado detritos para a Estrada Municipal 506 (EM506), e dificultado a circulação, têm até 10 de março, altura em que a obra termina, para “repor na íntegra” as condições da via, respondeu o presidente do município, depois de questionado por vários moradores da Quinta Branca e pelo presidente da Junta de Freguesia sobre o que está a ser feito para evitar os transtornos causados.
“Há este incómodo, há estes problemas, mas tudo vai ser reposto e tudo vai ser feito para a normalidade ali perdurar e, depois, chegará a nossa vez de intervir”, disse Vítor Pereira na reunião pública do executivo de dia 26, alertando que, até ao prazo previsto para o final da obra, quem passa na via e quem ali reside “têm mais dois meses de calvário”.
Paulo Gonçalves, um dos moradores, lamentou que desde junho de 2022 o município não tenha dado resposta às dúvidas colocadas e perguntou “se aquela estrada vai ficar pelo menos como estava antes”. Francisco Lopes, também residente na Quinta Branca, alertou para o impacto ambiental dos empreendimentos em curso “no que toca à deformação dos terrenos e escoamento de águas” e referiu que “se nada for feito, o terreno não vai segurar as águas”.
“O que aconteceu era previsível. Com a retirada da florestação, as valetas não aguentariam”, acentuou o autarca local, Marco Gabriel. “Estava na cara o que ia acontecer. Como é que a ADC não disse que têm de construir valetas nesta EM?”, acrescentou o presidente, segundo o qual a Junta de Freguesia já disponibilizou recursos humanos e materiais para desobstruir várias vezes valetas, quando se trata de uma empreitada privada.
Sobre a desmatação dos solos, Marco Gabriel manifestou a sua preocupação por, além dos 50 hectares de painéis fotovoltaicos a serem instalados na Quinta do Prazo, estarem previstos mais 27 hectares para o mesmo propósito na Quinta do Tapado, lamentando que se tenha perdido a oportunidade de fazer a requalificação da EM506 com um traçado mais a direito. O autarca da Boidobra perguntou também se o município já acionou as medidas compensatórias previstas na lei.
Vítor Pereira sublinhou que os terrenos são privados e que o investimento teve o parecer favorável de nove entidades. O presidente da Câmara da Covilhã voltou a manifestar a intenção de o município, embora sem apontar datas, requalificar toda a EM506 desde a zona do Centro de Dados até à rotunda entre o Ferro e Peraboa, e depois entre Peraboa e a Ponte Pedrinha, que o edil tem chamado uma intervenção em forma de T. “Esse T vai ser requalificado”, reiterou o autarca.
De acordo com Vítor Pereira, além da regularização do piso, vai ser feita uma recarga de alcatrão e as valetas arranjadas.
Marco Gabriel manifestou também o seu descontentamento por se ter mudado um caminho municipal sem que a Junta de Freguesia da Boidobra tenha sido informada e convidou Vítor Pereira a deslocar-se ao local para ver os danos, mas o presidente do município informou estar prevista para esta semana uma reunião na zona com vários serviços municipais e os responsáveis da obra, altura em que os moradores também podiam colocar questões.
Segundo o presidente da Câmara da Covilhã, o município pediu uma caução de um milhão de euros para precaver danos resultantes da intervenção e acrescentou que “inicialmente esta obra não previa obras de drenagem” e “estava prevista a movimentação de terras de pouco impacto e concentrada na subestação”, não uma área tão vasta. “Estava prevista uma intervenção minimalista em termos de mexer no solo”, frisou Vítor Pereira.
Sobre as questões levantadas pelos utilizadores da via relacionadas com danos nas viaturas, o presidente da Câmara da Covilhã recomendou que, caso tal aconteça, se queixem.
“Obviamente há seguros, e os nossos serviços e as seguradoras que nos assistam farão a devida análise”, transmitiu o edil.
O vereador da coligação CDS/PSD/IL, Pedro Farromba, considerou a construção de centrais fotovoltaicas na zona “uma aberração” e um entrave à aproximação da cidade ao rio.