And the oscar goes to…! A gloriosa noite “hollywoodesca “de Oppenheimer que arrebatou sete estatuetas e que conta a história do físico americano considerado o “pai” da bomba atómica, quase foi ofuscada por uma sessão de Cinema Inferno em que se transformou a noite eleitoral em Portugal. À medida que o vendedor de “banha da cobra” conquistava território a partir da barraca erguida no Algarve, região do mundo como bem sabemos, ocupada maioritariamente por anglo-saxões. Ora o guião desta tragédia, a espaços marcada por cenas aterrorizadoras, foi escrito a várias mãos, mas teve sobretudo o “dedo” de socialistas e social-democratas, que ao longo destes anos não sabendo interpretar o real valor da democracia, abusaram do poder que lhes foi conferido por um Portugal inteiro, e que lhes deu livre “tinta” para escreverem o país com os textos mais convenientes. O resultado está bem à vista. Os portugueses a espreitarem por uma gigantesca “peep-show” olhando para eles próprios, protagonizando, quais actores de segunda, cenas trágico-cómicas numa longa metragem a roçar a vermelha linha do terror. A película que passou no domingo à noite projectada na longa tela da indiferença, reflecte uma imagem tão tremida de um país onde ninguém tem direito a “oscar”.
Portugal, tão fiel a um adn de confusão, perdeu em toda a linha. Ingovernável, indeciso, duvidoso, que quando decide traçar o seu desenho, escrever o seu destino, faz asneira. E da grossa. Um filme série B, em que os planos se cruzam em sequências sem nexo de cenas de gangsters e de horror. Tivemos todo o tempo do mundo, andamos nisto há 50 anos, deveríamos ter dado a sinopse a quem a soubesse passar para o papel e, acredito por manifesta ignorância e descaso, permitimos que a história fosse contada por um ror de impreparados. As cenas dos próximos capítulos irão por certo revelar-nos imensas dúvidas sobre que regime político realmente queremos, e muitas certezas sobre o trágico desfecho desta novela de reles categoria. O ideal seria rasgar o “script”, mas a história vai tão adiantada, que só “matando” as personagens poderíamos reescrevê-la, criando um argumento mais de acordo com a proposta inicial. E foram muitos os que nela acreditaram e nela trabalharam. Foi no domingo passado que passei a olhar para esta “película” de forma enviesada, desconfiado da genuidade das personagens, preparado para toda a farsa. Num stand-up de auto-satirização, idealizado por uma caricata personagem em monólogos de incitamento ao ódio e à intolerância. Tirem-me deste filme. Talvez hibernar, como forma de preservação.