Que impacto teria na sua vida se vivesse numa ditadura?
Enorme. Se calhar nem imaginamos as vivências dessa altura porque não passámos por lá, mas por relatos dos nossos pais e avós. Foram momentos difíceis em que a liberdade de expressão, de vivências, era muito complicado e acho que nós, que não passámos, não fazemos a mínima ideia do que era. Mesmo com os relatos, com o que estudámos na história e o que os professores nos passam na escola. Acho que foi um período muito difícil.
Acha que os valores de Abril continuam presentes?
Sim. Continuam presentes. Eu como mulher acho que também na parte feminina continuam muito presentes. No entanto, penso que neste momento vivemos os valores de Abril, mas na sociedade em si, se calhar, há alguns e determinados valores que passámos de oito para 80. Se calhar também devíamos repensar um bocadinho esse aspeto em termos de sociedade.
Que exemplos dá?
Relativamente à nossa juventude, neste momento está a ser muito complicado manter esses valores devido a novos contextos, novas informações, às novas tecnologias. Acho que temos de ter um papel muito importante com os nossos jovens. Os pais e os professores em tentar manter esses valores da forma mais correta.
E o que pode ser feito?
O fundamental aqui é a família que em casa tem de tentar manter esses valores e depois nós na escola continuarmos a cultivá-los para que as coisas não entrem num desequilíbrio total.