João Cunha
Quando, em março de 1974, se realizou a primeira assembleia no largo da Praça do Paul, que não teve mais de uma dúzia de participantes/ fundadores, seguramente não pensariam que passados 50 anos, a Associação Paul Cultural e Desportivo (APCD) tivesse o peso que tem no seu próprio desenvolvimento e da comunidade onde se insere.
Se recuarmos à década de 30 do seculo passado, o futebol na então aldeia do Paul era praticado de forma amadora por jovens da terra, e assim terá sido até aos anos 60. Com o despontar do associativismo, depois do 25 de Abril, também no Paul se verificou este entusiamo e um grupo de jovens, a 3 de março de 74, criou a Associação Paul Cultural Desportivo.
Nestas cinco décadas de existência a APCD, já teve altos e baixos, com o futebol federado a assumir, a espaços temporais, lugar de destaque. Depois, o futsal de formação emergiu paralelamente com atividades como o BTT, desportos motorizados, a ginástica e outras atividades recreativas e culturais. O que foi recordado no jantar comemorativo da coletividade, no passado sábado, que contou com ex-presidentes, antigos e atuais dirigentes, satisfeitos com o trabalho realizado nos últimos anos, nomeadamente a requalificação do complexo desportivo da Reboleirada, o processo de legalização do mesmo e a atribuição do Estatuto de Utilidade Pública e Bandeira da Ética à coletividade.
O primeiro presidente, Luís Mendes, recorda que em 74 os tempos “eram difíceis”, que até havia ameaças de prisão “pelo cabo da GNR”, mas após o 25 de abril foi eleito como primeiro presidente da coletividade de uma forma “pouco ortodoxa”. “Metemos os nomes dentro de uma boina, o primeiro a sair foi o meu e daí ter ficado com este cargo. Hoje vejo com grande regozijo que a associação que ajudei a criar está bem e recomenda-se”.
José Miguel Oliveira, vereador com o pelouro do associativismo na Câmara da Covilhã, lembrou o “excelente trabalho de afirmação” que a APCD tem desenvolvido, com gente “de muita vontade e de querer”, lembrando também antigos dirigentes e outros colaboradores que ajudaram a fazer “a história destes 50 anos”. O responsável elogia homens e mulheres que, “de forma altruísta e solidária”, se dedicam ao associativismo. “Temos de olhar para estas associações como formas vivas que prestam um enorme serviço” frisa.
Carlos Ramos, o atual timoneiro da APCD, classificou de “muito especial” a noite de sábado, pela presença de nomes que “ajudaram a construir a história desta associação e a quem expresso o meu agradecimento pelo seu contributo”. Enaltecendo ter juntado em convívio cerca de 150 pessoas que “comungam deste amor pela APCD”.
O dirigente anunciou que neste momento se trabalha para legalizar todo o complexo desportivo da Reboleirada, e num protocolo de manutenção dos espaços verdes que “será muito importante para a abertura do complexo desportivo à comunidade.” Carlos Ramos garante que a coletividade “está bem e recomenda-se”, mas diz ser importante que “apareça gente nova com ideias novas para se garantir a manutenção e a renovação desta associação”.