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A liberdade saiu à rua num dia assim

Assim que, às primeiras horas da manhã, a maioria dos covilhanenses começou a ter conhecimento do golpe militar em curso em Lisboa, que viria a ter a adesão em massa da população e a tornar-se numa revolução, o movimento confluiu para o centro da cidade, onde se foi juntando cada vez mais gente ao longo do dia. À medida que serviços, escolas e fábricas fechavam, maior o número de pessoas no Pelourinho, para se inteirarem do curso das operações.

No dia seguinte, mais de cinco mil pessoas juntaram-se em frente à Câmara da Covilhã, onde a multidão manifestou o apoio à Junta de Salvação Nacional e o presidente do município foi destituído, embora o executivo tenha ficado em funções até ser nomeada uma comissão administrativa, em 7 de maio. A casa da Legião Portuguesa, na vizinha Rua Portas do Sol, foi encerrada.

Na chamada “vila vermelha”, juntaram-se mais de 1500 pessoas na principal praça do Tortosendo, uma “massa compacta” de gente, descrevia o NC, que ia interrompendo com vivas e aplausos os oradores.

No 1.º de Maio, que era proibido celebrar e passou a ser feriado, na Covilhã aglomeraram-se na Praça do Município mais de dez mil pessoas, naquela que foi a maior manifestação a que alguma vez se assistiu. A Banda da Covilhã começou a percorrer as ruas logo pela manhã e, durante esse dia, “lia-se alegria em todos os rostos” e a “vasta praça” encheu enquanto se faziam intervenções em cima de uma camioneta de caixa aberta.

Pelas artérias do Tortosendo circulou no Dia do Trabalhador a Banda de Unhais da Serra e juntou-se um mar de gente exultante com o fim de uma noite escura de 48 anos e com as portas que Abril abriu.

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