Pelo segundo ano consecutivo, as contas da Câmara de Manteigas foram aprovadas, na passada sexta-feira, 26, pelo voto de qualidade do presidente da mesa da Assembleia Municipal, José Manuel Cardoso, quando, inicialmente, a votação dos deputados dava seis votos contra, seis a favor e sete abstenções.
Cardoso disse que se não presidisse ao órgão não mudaria o sentido de voto, mas optou por dar “mais uma vez o benefício da dúvida” à Câmara liderada por Flávio Massano, que rejeitou as críticas de alguns deputados da oposição quanto à baixa taxa de execução do orçamento de 2023. “Ignora-se tudo o resto que se realiza” frisa.
Já na última reunião do executivo (que aprovou contas com voto favorável do presidente e vice-presidente, abstenção dos dois vereadores do PS e voto contra do vereador do PSD), Flávio Massano recusara as acusações, com Tomé Branco (PS) a apelar que se deixasse para as gerações vindouras obra “construída, e não apenas pensada”, Ana Muxana (PS) a pedir “mais obra feita e não apenas projetos e estudos” e Nuno Soares (PSD) a criticar uma execução de 48%, quando não se recordava de haver tanta disponibilidade em caixa, e tantos programas de apoio comunitário. “Se houvesse menos sonho no orçamento, a prestação de contas seria menos penosa” disse.
O autarca de Manteigas disse que por mais dinheiro que a autarquia possa ter, sem projetos não há obras. Segundo Flávio Massano a Câmara goza de “saúde financeira”, tem hoje “melhores contas”, diminuiu a dívida, e está pronta para “concretizar e executar”, porém “sem projetos não se pode executar. Quem vier a seguir tem projetos prontos para executar” garantiu.
Massano lembrou que cerca de 90% dos indicadores do relatório “são positivos”, que o passivo diminuiu em 22% e que a liquidez geral do município, de 421% mostra que a autarquia tem autonomia financeira como não tinha há muitos anos, apontando que o prazo médio de pagamento a fornecedores é de 5 dias. O resultado líquido do exercício negativo, justifica o autarca, é o investimento. “Esta é uma câmara municipal pronta para investir”, disse.
Em jeito de balanço ao ano 2023, Massano disse que apesar de não ter sido um ano perfeito, o saldo, no geral, é “positivo” e que este ainda foi um ano muito marcado pelas diversas reparações que tiveram que se efetuar no concelho face ao grande incêndio de há dois verões atrás, e as enxurradas que se seguiram. O autarca disse ainda que há sinais positivos, com o aumento da atividade turística, mais crianças nas escolas e maior dinamismo económico. “Não é fruto do trabalho da Câmara, mas é interessante ver que a própria iniciativa privada acredita no território e estão a fazer esse investimento”, vincou.
O presidente sublinhou ainda que “só se pode executar de houver projetos”, vincando que “os projetos que encontrou” quando chegou ao município estão a ser ou já foram executados”, vincando também que “não havia, como disse o vereador, fundos comunitários em pleno funcionamento”, foi preciso procurar financiamento.” “Quando não há projetos para executar podemos ter todo o dinheiro do mundo que não podemos gastar. Não podemos investir sem projetos. É difícil conseguir executar mais sem projetar, planear, sem ir buscar financiamento e foi isso que fizemos”, garante.