João Cunha
“Nem sempre fazemos, em vida, as homenagens que algumas pessoas merecem. Mas esta que fizemos agora à minha mãe, acho que foi digna da sua vida e das causas que abraçou.”. Foi assim que o filho de Prazeres Geraldes, Tó Zé, classificou a homenagem que foi prestada no passado dia 7, no anfiteatro da Junta de Freguesia do Paul, a esta voz do fado, “figura ímpar da nossa querida vila”, segundo a autarquia, que se associou a este evento promovido por um amigo de longa data da fadista, já desaparecida, e companheiros de lides artísticas, que se juntaram.
Um naipe de fadistas e instrumentistas da região, e alguns vindos de outras partes do país, responderam afirmativamente à convocatória e proporcionaram uma noite memorável, onde o fado e os elogios à personalidade de Prazeres Geraldes foram as marcas distintivas de uma homenagem que ganhou brilho e emoção mais forte quando subiram ao palco Liliana Geraldes e Lara Geraldes, as duas netas da homenageada, para interpretarem alguns fados que sua avó cantava. “Gosto de cantar, mas cantar aqui nesta homenagem à minha avó foi simultaneamente muito bom e difícil, por causa da emoção que vivi. Estou muito satisfeita por estar aqui e ter-me associado a esta linda homenagem”, garantiu Lara.
“Quando comecei a contactar estes amigos, verifiquei logo uma grande adesão. Por isso sabia que esta homenagem iria ser bonita e que iria ser digna da Prazeres Geraldes, que merece isto e muito mais. Vou dormir de coração cheio. Foi feita justiça a esta grande senhora”, garantiu António Duarte, mentor da iniciativa.
Gabriel Gouveia, presidente da Junta, diz que foi uma festa “que nunca mais esquecerei e o povo do Paul também não. As gentes do Paul e os seus amigos reconheceram e agradeceram terem conhecido e convivido com uma mulher humilde, bondosa, que representou de forma genuína e ímpar a terra que a viu nascer, através do fado e da cultura”.
O filho da homenageada, Tó Zé, agradeceu a iniciativa, e a quem marcou presença. “Muitas palavras bonitas aqui foram ditas, que para mim são muito importantes e que no fundo revelam que a Prazeres Geraldes, na sua vida, foi cultivando a amizade com gente de todo o lado.”
Foi ao som de “Tecedeira Briosa”, a mais emblemática canção que Prazeres Geraldes entoava, que o concerto fechou. A homenageada é considerada, no Paul, um vulto iconográfico da sua terra e da sua região. Faleceu a 11 de janeiro deste ano, aos 89 anos, tendo ido a sepultar no cemitério da sua terra de sempre.