A ideia era escrever sobre bons portugueses. Seja lá o que isso signifique.
Pelo menos portugueses conhecidos como boas pessoas. Não, também não é isto. Talvez portugueses que vestindo a camisola do país, suscitam emoções, e libertam opiniões. Ainda não sei se é isto, mas vá lá, portugueses de que se tem falado por bons motivos. Sim, é mais isto. E não devemos confundir com “portugueses de bem”, expressão trazida da taberna para a praça, pelo pastor de um rebanho de burgessos como forma de justificar o seu estatuto de representação, a sua, de uma certa estatura moral só existente num tipo de raça de portugueses. Os de bem. Ninguém coloca de parte uma, ainda que ligeira, aproximação aos mesmos “portugueses de bem” escolhidos pelo Estado Novo. Os “bons chefes de família”. Não sei se é a este tipo de elevação que se refere o dono do cajado, quando caminha à frente dos seus seguidores. Um certo nível, educação superior, principios intocáveis, valores imaculados. Bom, estamos “carecas” de saber que a dada altura, esta campanha comunicacional funcionou ao ponto de colocar meia centena desses exemplares de “portugueses de bem” nos assentos parlamentares. Parece no entanto, como se costuma dizer em linguagem mediática, que o “estado de graça” já não é o mesmo. A avaliar pelos resultados eleitorais conseguidos nas europeias, muito à custa de um candidato, “português de bem” naturalmente, que mostrou sobretudo não estar nem aí para a União da Europa, cujo parlamento muito se honrará, como é bom de ver, com a sua presença. A “agremiação” conseguiu o desejado lugar europeu, e o seu ressabiado chefe rejeitou liminarmente a possibilidade do antigo primeiro-ministro conseguir o seu, com a justificação pacóvia, de que se não tem condições para governar em Portugal, também não pode ocupar um alto cargo europeu. Aparentemente não é o que pensa a Europa, e para mal dos pecados deste líder dos “portugueses de bem”, e dos muitos amigos que tem em Bruxelas e por esse continente afora, o “português de segunda” foi mesmo conduzido ao lugar pretendido. A importância de ter um cidadão português a ocupar um cargo de prestígio na Europa. Faz toda a diferença? Ou nenhuma? Isso são contas de outro rosário. Seja como for, os altos padrões morais deste “português de bem”, parecem aferir que o “próximo” por quem sente respeito é aquele que mais próximo está de si. O próprio. O mesmo que ambicionava condenar o presidente da república a pena de prisão por traição à pátria, vai agora sentar o “rabinho” numa cadeira do Conselho de Estado. Lindo!