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Abraçar as diferenças

Elisabeth Morão

Professora

Nos últimos anos, a Covilhã tem assistido a um aumento notável de imigrantes, oriundos de várias partes do mundo; uns para estudar, outros para trabalhar, de certa forma, todos à procura de novas oportunidades e/ou um melhor padrão de vida.

Com estas alterações repentinas da demografia covilhanense, da sua economia e cultura ficamos perante novos desafios enquanto seres humanos, enquanto sociedade civil, bem como as autoridades locais.

Novos ventos populistas (ou velhos nacionalistas) vieram agudizar as nossas capacidades hospitaleiras em acolher os imigrantes. Assim, torna-se frequente ouvir calamidades racistas nas esplanadas, nos cafés, nos locais de trabalho a vociferar que “isto assim não pode continuar”, “esta malta vem tirar-nos os trabalhos todos”, “esta gente recebe os apoios todos enquanto nós nada” e poupo o leitor dessas declarações nauseabundas que passaram a ser legitimadas pelos discursos de ódio de certos políticos.

Ora precisamos erradicar este discurso de ódio e tomar consciência que nos nossos genes (pré-históricos) temos escrito o medo da diferença.

Se não procurarmos educar o nosso pensamento teremos sempre esta repulsa imediata pela mudança. O desafio que estas mudanças nos afiguram consiste em abraçarmos estas diferenças e aprendermos com elas e crescer. Ao invés de nos deixar contagiar por esses discursos populistas e discriminatórios, cultivemos a multiculturalidade, a empatia pelo outro e a compreensão.

Não perderemos nunca a nossa identidade portuguesa ou covilhanense, apenas alargaremos este belo mosaico humano do qual somos meras tesselas que, juntas, formam padrões distintos.

Já Hannah Arendt vislumbrava a morte da empatia humana como um sinal primordial de uma cultura à beira de cair na barbárie. A promoção do diálogo intercultural, a luta contra a xenofobia e o cuidado em fomentar um ambiente de respeito e cooperação mútua são cruciais. O Interior tornar-se-á mais forte, mais diverso e certamente mais rico.

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