Depois da Linha da Beira Baixa, agora é a Linha da Beira Alta quem está a provocar estragos. O presidente da Câmara de Belmonte, António Dias Rocha, admitiu na passada semana que depois da passagem de camiões para abastecer as obras da linha férrea, na Beira Baixa, as estradas do concelho ficaram muito degradadas, mas que os estragos não se ficaram por aí, já que agora é com os pesados que fornecem as obras da linha férrea na zona da Guarda que as vias se vão deteriorando.
“Andávamos a reivindicar há muito tempo a Linha da Beira Baixa. Conseguiu-se, mas os estaleiros estavam aqui. Era aqui que os camiões circulavam, traziam pedreiras do Fundão. E agora continuam, mas para a Linha da Beira Alta. Portanto, as nossas estradas estão num estado lastimoso. E não há candidaturas à Europa para estradas, quando temos autoestradas onde não passam carros e se gastaram milhões” lamenta o presidente da autarquia, que reuniu recentemente, em Lisboa, no ministério da habitação e obras públicas.
Dias Rocha diz ter transmitido aos governantes que se sentia injustiçado por alguns municípios vizinhos “estarem a beneficiar de obras das Infraestruturas (de Portugal), nomeadamente a Covilhã. O que nos foi garantido é que vai ser proposto a Belmonte o mesmo. Que é o município ter a base da intervenção, tapamento de buracos, e os pisos ficam com as Infraestruturas. Vamos ver que proposta nos vão fazer, até porque me sinto extremamente prejudicado” salienta.
Na última assembleia municipal, o autarca anunciou que tinha a decorrer nos tribunais quatro processos contra empresas que danificaram vias municipais, aquando das obras de modernização da Linha da Beira Baixa, pois segundo ele, a lei dizia que tinham que pagar indemnizações em relação ao que danificaram. Ações que, mesmo que a proposta da IP seja favorável, se vão manter. “Não pagaram licenças que tinham que suportar, e fizeram-no noutros concelhos. Na Covilhã, no Fundão. E aqui não querem pagar. São estradas ligadas à A23, como a ligação de Belmonte a Maçainhas, ligação do nó de Maçainhas ao Ginjal, para dar ligação a Manteigas e Guarda. São do concelho de Belmonte. Mas que estragaram. As ações são coisas distintas, aceito negociar com as empresas. Indemnizam e as ações em tribunal param” assegura.
Segundo Dias Rocha, a estrada mais danificada, e à qual a autarquia dará prioridade, com ou sem dinheiro do Estado, é a ligação entre o Ginjal e Caria. “É a que tem mais trânsito, à qual vamos dar prioridade. Também temos o ramal da Estação às Inguias ou a estrada do Monte do Bispo. Já tivemos das melhores estradas da região e hoje são das piores. Tem que se fazer um esforço, que ainda quero fazer este ano” garante.
Recorde-se que há anos que a autarquia reclama ser ressarcida pelos estragos provocados, em diversas vias concelhias, durante as obras na ferrovia, e tem falado com Governo e IP para que assumam a reparação das mesmas, mas até hoje, nada aconteceu. O mau estado das estradas concelhias tem sido alvo de contestação, não só por parte de populares, como dos próprios autarcas. Dias Rocha diz que tem feito pressão junto das entidades responsáveis e critica o tratamento diferenciado que outras autarquias, como a Covilhã, têm em relação a Belmonte. “A IP assumiu fazer obras na Covilhã, aqui não. E as estradas lá sofreram muito menos que as nossas com as obras da Linha. Talvez o senhor presidente da Câmara da Covilhã seja amigo do senhor ministro. Eu não” disse o autarca belmontense na última assembleia municipal, prometendo que “com apoio ou não” da IP, as vias municipais serão reparadas.