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Telefones não param de tocar onde se faz o melhor queijo do mundo

Queijo de ovelha amanteigado da Queijaria Quinta do Pomar, na Soalheira, esgotou de imediato e encomendas não param

Desde que a notícia foi conhecida, no dia 16, os telefones dos responsáveis e da Queijaria Quinta do Pomar, na Soalheira, concelho do Fundão não pararam de tocar. A empresa ganhou o galardão de melhor queijo do mundo, com o ovelha amanteigado, e com os contactos ininterruptos multiplicaram-se as encomendas, que esgotaram o desejado produto.

Joaquim Duarte Alves é filho de queijeiro e ensinou a profissão ao filho, Nuno, de 48 anos, que este ano começou a tomar conta do negócio, em conjunto com a nora, a espanhola Sonia Marroyo. O neto ajuda nos tempos livres e nota nele entusiasmo, que estas distinções vêm avivar.

O fundador da empresa teve outros ofícios, mas, em 1983, fundou a sua própria queijaria, no andar de baixo da sua casa. Estava longe de imaginar que, na primeira vez em que concorreram aos Oscares do setor conseguissem o prémio mais desejado.

“Os telefonemas não param. Não conseguem fazer mais nada”, descreveu Joaquim Duarte Alves, que este ano começou a ficar “na retaguarda” em vez do comando da empresa.

O queijo de ovelha amanteigado da Queijaria Quinta do Pomar foi considerado o melhor do mundo no ‘World Cheese Awards 2024’, entre 4786 queijos avaliados de 47 países, e a atribuição do galardão refletiu-se de imediato.

O lote do queijo premiado esgotou logo e as encomendas foram tantas que o fundador receia que não haja leite suficiente para dar resposta às solicitações até ao Natal.

“À maior parte dos clientes estamos a dizer que só em janeiro é que podemos começar a entregar. Estamos a receber encomendas de pessoas que querem exportar pra os Estados Unidos, para França, para vários países, e o queijo não se faz de um dia para o outro, a cura leva 40 a 45 dias”, sublinhou Joaquim Alves.

O fundador da empresa elucidou que se trata de “um queijo amanteigado tipo serra, feito com leite de ovelha cru, coalhado com a flor do cardo”, vendido a cerca de 13 euros.

Joaquim Alves realçou que o mais importante na produção de um queijo é a matéria-prima, ter um bom leite, comprado a produtores da serra da Gardunha, “num raio de 10 a 15 quilómetros”.

Depois é necessário saber limpar o cardo, ter cuidado com o tempero, não deitar cardo nem sal a mais, apontou. Seguem-se 40 a 45 dias de cura nas prateleiras de uma câmara escura, nas duas primeiras semanas a uma temperatura mais baixa e depois mais alta.

Joaquim Alves é filho de queijeiro da Soalheira, vila onde anualmente a Câmara do Fundão dinamiza a Feira do Queijo, e o irmão, empresário do mesmo ramo, também foi premiado com duas medalhas de prata no concurso.

A empresa foi fundada com a mulher, Maria José. Primeiro ampliou as instalações para um terreno atrás da residência e, em 2015, mudou-se para uma nova unidade, no Parque Industrial da Soalheira, onde há capacidade para duplicar a atual produção.

Com um volume de negócios que ascende a um milhão de euros anual, a queijaria fabrica diariamente cerca de 400 a 500 queijos, 150 a 200 deles de ovelha amanteigado, informou o fundador.

Joaquim Alves vinca que o produto premiado, já com três medalhas anteriores em concursos internacionais, não é o queijo mais vendido, mas sim o tradicional da zona, de mistura de ovelha e cabra.

O fundador da empresa considerou o galardão “um orgulho”, resultado do trabalho que se vai aperfeiçoando.

“Este prémio não é só nosso. É da Soalheira, do Fundão, dos produtores de leite da região e de Portugal”, acentuou o empresário, que tem sido contactado por conhecidos que viram a notícia do prémio em órgãos de comunicação no estrangeiro.

Na área de abrangência da Comunidade urbana das Beiras e Serra da Estrela foram ainda distinguidos mais 23 queijos, dos concelhos do Fundão, Gouveia, Seia e Celorico da Beira.

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