Procurar
Close this search box.

Vida fica mais cara na Covilhã

Novo ano trouxe aumentos no preços dos transportes urbanos. Mas há outros bens, como o pão, ou café, que ficaram mais caros também

Novo ano, novos preços nos transportes urbanos da Covilhã, que já levaram ao protesto por parte da União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB), que critica a “anuência e ou silêncio” da Câmara face aos aumentos aplicados pela concessionária do Sistema de Mobilidade da Covilhã, a Transdev. Segundo a USCB, 2025 “acordou” com aumentos nos passes sociais “acima dos 2,02 por cento determinados por lei”. A Câmara nega e diz que atualizações estão em consonância com a lei, e decorrem também de medidas tomadas pelo Governo que levaram ao aumento.

A USCB exemplifica. O passe mensal urbano, que custava 38,95 euros e “devia passar para 39.74, passou para 41,20 euros.” Ou seja: mais 1.46 euros “que o legal, sendo que em relação ao ano de 2024 aumenta 2,25 euros”.  O passe mensal suburbano sobe dos 38,95 para 41,20, um aumento também de 2,25 euros, acima do que a USCB considera legal: 1,46 euros. Segundo esta, o preço deveria ser 39,74. Mas aquilo que a USCB considera “escândalo dos escândalos” é o preço do passe mensal urbano mais suburbano, que passa de 38,95 para 47,25 euros, um aumento de 8,30 euros, mais 7,51 que o que considera legal, já que segundo a USCB o preço deveria fixar-se nos 39,74.

“Estes aumentos são absolutamente escandalosos, inaceitáveis, inexplicáveis, ilegais e injustos e, por isso, merecem o nosso total repúdio e condenação” afirma a estrutura sindical. Que lembra a desigualdade entre a área metropolitana de Lisboa, onde os passes “não sofrem qualquer aumento” ou a Comunidade Intermunicipal do Oeste (13 concelhos), onde os transportes “passaram a ser gratuitos.”

A USCB, perante aquilo que considera uma “vergonha” lançou um abaixo-assinado em que exige a reversão dos preços agora aplicados, com “a devolução dos valores ilegalmente pagos”, que na região sejam aplicados os programas de redução tarifária, por forma que, “no curtíssimo prazo, se efetive uma redução de 50% nos passes sociais urbanos, suburbanos e urbanos+suburbanos” e que a Transdev e a Câmara “respondam positivamente às nossas exigências, evitando assim que tenhamos de tomar medidas drásticas.”

Aumentos “imorais e penalizadores”

Também o PCP, em comunicado, acusa a Câmara de “prendar a população” neste novo ano com um aumento do custo dos transportes “de cerca de 20%”, em vez de aplicar uma maior redição tarifária e promover o transporte público. Segundo o PCP, a gestão socialista à frente da Câmara “agrava e penaliza as populações com um aumento inaceitável dos transportes públicos.”

O partido diz ser “necessário e urgente” a reversão dos aumentos promovidos, uma redução do valor de passes e bilhetes nos transportes públicos para as freguesias a norte e sul do concelho, onde existem passes de 111 e 120 euros, e lembra os baixos rendimentos da população (salários e reformas) para fazer face a estes aumentos. “Objetivamente, este aumento de 20%, absorve parte substancial do aumento do Salário Mínimo Nacional e das reformas para o ano de 2025” acusa. O PCP afirma que assim se agravam “as condições de vida de quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira e continua a viver em condição social débil e abaixo do limiar de pobreza.”

Os comunistas deixam ainda várias críticas à concessão do Sistema de Mobilidade da Covilhã, uma parceria em que a concessionária “nunca perde, defendendo mesmo a constituição de uma “empresa pública municipal de transportes” no concelho. O PCP classifica estes aumentos de “imorais e penalizadores” e apela ao protesto e mobilização da população para contestar esta medida.

Câmara culpa Governo

Já a Câmara da Covilhã, em comunicado, diz que a atualização dos preços dos passes nos transportes públicos urbanos da Covilhã não está acima da lei, mas decorre da aplicação da mesma e do contrato de concessão.

A autarquia atribui este aumento ao facto do Governo ter descongelado a Taxa de Atualização Tarifária (TAT) no âmbito do Orçamento de Estado de 2025, que esteve congelada entre 2020 e 2024, que levou a um “aumento acumulado” dos anos anteriores, em 2,02 em 2025. “No total dos aumentos verificados, importa salientar que este descongelamento da TAT representa um aumento de 15,5%” explica a Câmara.

Também o aumento do salário mínimo, que segundo a autarquia subiu 36,7% face a 2019, e aumento do preço dos combustíveis (mais 18%) são outras das razões para os aumentos dos passes. “A única componente tarifária que efetivamente sofreu um aumento prende-se com os passes, cujo preço também se mantinha inalterado desde 2019. Ou seja, ao incorporar os aumentos dos vários anos, esta atualização é mais substancial do que seria caso as mesmas tivessem sido feitas anualmente” explica a Câmara. Que garante estar a realizar “todos os esforços” para que este aumento não venha a recair sobre os cidadãos, diligenciando junto da CIM-BSE a possibilidade de reafetação das verbas do programa Incentiva +TP (antigo PART), para assumir estes aumentos.

“Esta é mais uma prova da injustiça que o Município da Covilhã tem vindo a denunciar ao longo do tempo, nomeadamente pelo tratamento desigual e inaceitável que o Estado Central faz no que se refere ao financiamento das autoridades de transporte das grandes áreas metropolitanas e dos restantes municípios, nomeadamente os do Interior” frisa a Câmara, que reitera a necessidade de pôr fim a esse “tratamento desigual” e reafirma a exigência para que o Governo “reforce as verbas de compensação previstas, permitindo, por esta via, que os cidadãos do Interior do País também tenham acesso às tarifas que estão a ser aplicadas nas grandes áreas metropolitanas.”

Rendas, telecomunicações, leite, pão e café também sobem

Em 2025, os portugueses vão ainda sentir outros aumentos no seu quotidiano. Desde logo na habitação, já que se estima que face à atualização do coeficiente publicado pelo INE, as rendas podem subir 2,16 por cento. No entanto, recorde-se que a atualização de rendas não é obrigatória e o senhorio pode optar por não o fazer.

As telecomunicações também podem aumentar. A Altice Portugal vai subir preços este ano, conforme o contratualmente previsto, exceto no Uzo e Moche.  Já a NOS vai manter os tarifários, tal como a Vodafone Portugal, embora esta operadora admita alterações “pontuais” limitadas a um reduzido número de situações e serviços de clientes empresariais.

Também alguns bens essenciais também vão sofrer subidas. É o caso leite e do pão, devido ao agravamento dos custos de produção.
O preço do leite e dos produtos lácteos deverá manter a tendência de aumentar, face aos custos de produção, gasóleo e eletricidade, que este ano até baixa. O pão também fica, à boleia dos custos de produção e do salário mínimo nacional.

Se ao tomar a sua “bica” lhe pedirem mais 10 ou 15 cêntimos, não estranhe, pois de acordo com a Associação da Indústria e da Panificação, o café pode chegar a um aumento de cinco por cento, face ao aumento do café nos mercados internacionais.

Entre “coisas boas” deste ano, a eletricidade, que deve baixar a sua fatura, o aumento do Salário Mínimo Nacional (vai fixar-se nos 870 euros) e as pensões, estimando-se um aumento do rendimento líquido das famílias face à atualização de tabelas do IRS e descida da taxa de inflação.

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2025 Notícias da Covilhã