Por estes dias num debate doméstico a propósito da mediatização da política, alguém que me é próximo, mas muito afastado da realidade informativa, questionava se estavam próximas eleições em Portugal “para qualquer coisa”. Isto porque segundo o meu interlocutor, de repente parece não se ouvir falar de outra coisa que não de candidatos. “A quê?” Para já a tónica é acentuada nos candidatos a candidatos. Vamos por partes. Como os mais estudiosos do fenómeno bem sabem, os especialistas digamos, a história do “quem quer ser candidato?”, é um processo que começa a desenvolver-se ainda nem é embrião. Ora, se as autárquicas são em Outubro, e as presidenciais em Janeiro de 2026, é natural que se alinhem dezenas de potenciais interessados em apresentar uma candidatura de candidato a candidato. Portanto à pergunta “quem quer ser candidato”, surgem logo bastas respostas tipo “quero eu, quero eu…!” Como na História da Carochinha.
Para justificar o que escrevo, não vamos mais longe. Fiquemos por aqui, na Covilhã. O vice-presidente do governo do município, militante socialista, fez questão de anunciar numa carta publicada na imprensa, que já se chegou à frente para ser o escolhido pelo seu partido para o difícil combate autárquico que está previsto para os próximos meses. Assumindo desde logo que o candidato do partido que serve, deve ser escolhido entre o elenco governativo actual. Género “em equipa que ganha não se mexe “. O presidente da Câmara e seu “chefe “que também sabe bem disso, e já deverá ter “escolhido “o seu sucessor, não gostou da ousadia e retirou-lhe protagonismo, pelouros e poderes. A procissão ainda vai no adro, não se sabe quem leva o andor, mas o cortejo terá muitas figuras e personagens, de outras cores e facções. Na oposição local, como o Notícias da Covilhã adiantou, a coisa parece decidida. Isto por aqui, porque a nível nacional, daqui a um ano, o professor Marcelo dará em Belém, lugar a outro. Ainda não será desta que teremos uma mulher no Palácio. A não ser como primeira-dama. E bem sabemos como a presença feminina é fundamental num lar e essencial para o equilíbrio de qualquer presidente. O espaço mediático fornece-nos uma lista interminável de candidatos a candidatos. Sondagens atrás de sondagens. Uma das mais recentes incluiu 19 possibilidades. Sim, leram bem. Um ror de supostos. Meia dúzia de encostados à esquerda socialista, outros tantos do centro-direita, uns quantos com menos marca ideológica, um independente, e um extremista radical. Alguns não estão nem aí, outros já estão fora do prazo, há aqueles que fazem sempre parte deste tipo de listas mesmo que não tenham mexido uma palha para tal, e finalmente aqueles que até parece mal equacionar a sua candidatura. Em comum, o facto de que para já nenhum ter anunciado a sua vontade em ser Presidente da República. A não ser o tal, que uns dias é isto, outros aquilo, e que quer voltar a “fazer história “.