Um alojamento pensado para que os visitantes se sintam verdadeiramente acolhidos e bem orientados para explorar a Serra da Estrela e o que de melhor a cidade da Covilhã tem para oferecer de uma forma autêntica.” É assim que Catarina Santos, 35 anos, licenciada em marketing, publicidade e relações públicas, e a trabalhar na Covilhã numa empresa de publicidade e comunicação, justifica a aposta que fez nas Penhas da Saúde, onde abriu, no final do ano passado, o EntreVales, uma unidade de alojamento local.
Foi o facto de ter saído de cá, para estudar e depois, trabalhar em Lisboa, que fez Catarina aperceber-se que a proximidade, amizade, humanismo, em contraciclo com a indiferença, poderia ser uma arma para atrair turistas à região. Por cá, no Interior, todos se conhecem. Por lá, “é diferente”, a cidade e as pessoas são “mais frias”, as deslocações demoram muito e são uma dor de cabeça. “A minha motivação para investir no turismo surgiu, em grande parte, da experiência pessoal que tive quando fui estudar para lá. Ao chegar à cidade, senti-me um pouco perdida, sem acolhimento nem indicações sobre como aproveitar verdadeiramente o que Lisboa tinha para oferecer. Essa falta de orientação fez-me perceber a importância de um turismo mais humano e personalizado, onde os visitantes não só encontram um lugar para ficar, mas também alguém que os guie e ajude a descobrir o destino da melhor forma” conta ao NC.
Quando regressou à Covilhã, adquiriu uma casa, para ajudar nas despesas decidiu colocá-la no Airbnb. “Mais do que um rendimento extra, essa experiência fez-me perceber o quanto gostava de receber pessoas, partilhar dicas e criar um ambiente acolhedor. Gostava de ser essa pessoa para os meus hóspedes: alguém que não só disponibiliza um espaço confortável, mas que também oferece recomendações, sugere roteiros” conta. Com essa combinação de experiências, a falta de acolhimento em Lisboa e o gosto em receber, acabou por apostar num alojamento na Serra. Que fosse “mais do que apenas um lugar para dormir.”
“Surgiu essa possibilidade. A Serra é um dos principais pontos turísticos da nossa cidade” conta. Surgiu aí o EntreVales, um espaço que segundo a promotora combina “conforto, hospitalidade e um acompanhamento mais próximo.”
“Há muito por explorar”
Segundo Catarina Santos, até agora, o feedback dos clientes “tem sido muito positivo”. Com neve, “o grande atrativo”, a taxa de ocupação tem sido “quase total até março”. A empresária admite que o turismo de inverno “continua a ser o principal fator de procura”, mas também diz notar um crescente interesse noutras experiências na Serra para além da neve. “A Serra da Estrela tem um enorme potencial e pode ser valorizada ao longo de todo o ano, não só no inverno. Há muito por explorar noutras estações, como trilhos, experiências gastronómicas e atividades ao ar livre” afirma.
Para já, Catarina mantém apenas esta unidade. Mas a ideia é expandir para outras zonas da Covilhã e arredores. “Gostava muito de criar um aparthotel e ter mais alojamentos no mesmo estilo do atual. Mas projetos deste tipo exigem um investimento significativo, o que representa um desafio. No entanto, estou recetiva a propostas e parcerias que possam surgir, seja em termos de financiamento, colaborações estratégicas ou novas oportunidades que tornem esta ideia uma realidade” assegura. “Saber que uma estadia pode marcar positivamente a experiência das pessoas motiva-me ainda mais a criar novos espaços que transmitam o mesmo acolhimento e autenticidade” frisa Catarina.