As primeiras saídas aconteceram já na semana passada. A Unidade Local de Saúde (ULS) da Cova da Beira retomou o serviço de Hospitalização Domiciliária, que tinha sido implementada em 2019, mas que acabou por ser suspenso aquando da pandemia provocada pela Covid-19. O programa é agora reativado na área de influência da ULS, os concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte.
A ULS, em comunicado, afirma que este é “um passo significativo na modernização e humanização dos cuidados de saúde prestados na região”, permitindo que doentes elegíveis sejam acompanhados “no conforto dos seus lares, com a mesma segurança e qualidade de um internamento hospitalar convencional.” A instituição recorda que a Hospitalização Domiciliária oferece “inúmeras vantagens”, com benefícios para os doentes e para a comunidade. “Para os doentes, significa menor risco de infeções hospitalares, maior conforto e recuperação em ambiente familiar. Para o sistema de saúde, representa uma utilização mais eficiente dos recursos hospitalares, reservando as camas para os casos mais complexos” frisa.
Recorde-se que em janeiro deste ano, o administrador da ULS Cova da Beira, João Marques Gomes, tinha adiantado ao NC que o programa iria ser retomado e começaria a funcionar com dez camas e uma equipa multidisciplinar que faria as visitas a casa dos utentes e lhes proporcionaria os mesmos cuidados, como se estivessem internados. O responsável frisava que as dez camas numa fase inicial eram o “mínimo olímpico”, mas que existia “muita ambição” e que a intenção é evoluir e, “a prazo, a ideia é transferir recursos para uma atividade regular normal que estariam dentro do hospital para casa”, depois de observar como a operação “corre no terreno”.
De acordo com João Marques Gomes, são passíveis de hospitalização domiciliária pessoas com todos os diagnósticos e, dependendo “das severidades”, é avaliado caso a caso com a equipa. Para que tal aconteça, o utente tem de reunir em casa as condições necessárias, nomeadamente físicas. “Se a pessoa não tiver condições para ter hospitalização em casa, não a faz”, vinca.
João Marques Gomes sublinhava que esta era uma medida vantajosa para o utente que dela beneficiar, ao poder recuperar em casa, com a mesma assistência, e para o prestador de cuidados de saúde, que liberta camas no hospital e essa capacidade pode ser aproveitada “numa lógica de combater as listas de espera cirúrgicas”. “A hospitalização domiciliária é uma maneira de termos um hospital com mais camas, de termos um hospital maior, sem construirmos um hospital maior”, ilustrou o administrador.
Outra das vantagens para o utente passa por minimizar possíveis implicações de um internamento, como o conforto, o potencial de infeção hospitalar ou perda de massa muscular.
João Marques Gomes reforçava ainda que 70% dos doentes internados no hospital são de severidade 1 e 2, o que significa que pelo menos esses 70%, além dos utentes que evoluem favoravelmente, “não precisam estar internados no hospital”, se reunirem as condições em casa para aí poderem recuperar, e “podem ir mais cedo para casa”, com o devido acompanhamento. “O que é importante é que os cuidados que recebe no hospital, receba em casa”, acrescentava.