Autárquicas 2025: primeiras impressões

António Rodrigues de Assunção

Este texto é uma primeira abordagem ao pleito eleitoral local que deverá ter lugar lá para o mês de Setembro. Trata-se de uma abordagem centrada, para já, nos nomes das lideranças das candidaturas, os chamados “cabeças de lista”, aquelas personalidades, na maioria dos casos emanadas das fileiras partidárias ou, em certos casos, recrutadas pelos partidos na chamada “bolsa” dos “independentes com provas dadas” na vida profissional ou na Academia.  Deixe-se aqui para outras oportunidades a abordagem ao que mais importa quando estão em jogo não propriamente os “perfis dos cabeças de lista”, mas sim a díade dialéctica “Visão-Programa” – sim por esta ordem – uma díade que, se bem trabalhada e apurada, aponta para um projecto de mudança-transformação do nosso viver colectivo como cidade e como concelho.  Fica aqui a promessa de que iremos a isso logo que apareça a tal díade dialéctica de cada candidatura, como se espera que apareça.

Ainda não no terreno de campanha, mas já com as candidaturas quase todas anunciadas, vejamos o que se nos depara. Do lado do Partido Socialista, e com o Dr. Vítor Pereira impedido de se candidatar, por imperativo da lei, na Covilhã, surge uma situação algo inesperada, perfilando-se duas candidaturas: uma liderada pelo senhor Hélio Fazendeiro, que recebe o apoio das estruturas partidárias, embora, ao que se sabe, sem unanimidade interna; e outra liderada pelo senhor Carlos Martins, um histórico do PS com provas dadas por décadas no universo autárquico local. Ou seja, o PS vai surgir dividido no terreno, facto que não favorece, a meu ver, uma vitória eleitoral sempre esperada por este partido. Do lado de Carlos Martins, levanta-se, entretanto, a questão de quem vai ocupar os lugares cimeiros da candidatura. Será interessante de ver. Quanto ao senhor Hélio Fazendeiro, que é um jovem quadro do partido, afigura-se talvez um ponto fraco: a sua pouca experiência política em cargos autárquicos.

O PSD, por sua vez, agora finalmente com uma sede própria e liderado pela senhora Leonor Cipriano, surge-nos com o senhor Jorge Simões, de certo modo desconhecido, mas que tem a seu favor o facto de ser engenheiro civil, o que, nestas andanças autárquicas, não deixa de ser relevante. No entanto, permanece uma interrogação que tem a ver com o desfazer da coligação liderada por Pedro Farromba, que, bem vistos os resultados alcançados em 2021, pediu meças ao Partido Socialista. Coisas da política, que às vezes perde o seu estatuto nobre para se afundar em manobrismos estranhos. E também não se pode deixar passar em claro o facto do regresso do senhor Carlos Pinto…ao PSD! Estará perdoado depois da expulsão que lhe foi aplicada e após errâncias por candidaturas próprias e alheias em 2017 e 2021 e uma passagem inglória pelo Partido Aliança? Vai como cabeça de lista à Assembleia Municipal, ao que se diz, sempre resiliente à evidência de que há muitos anos o seu nome foi riscado definitivamente de qualquer influência política na Covilhã. Uma coincidência neste PSD, para meditar: sai Pedro Farromba, entra o senhor Carlos Pinto. Curioso, não é? Eles que em 2013 estiveram unidos numa candidatura…a primeira de várias derrotas do senhor Carlos Pinto. É demasiado numa candidatura só! Por tudo isto, ao articulista afigura-se-lhe que nada de muito bom deverá vir desta candidatura.

Sou de opinião, sempre discutível, de que a candidatura do CDS, liderada pelo senhor Eduardo Cavaco, poderá estar na calha, se não para vencer por maioria absoluta, por certo para se constituir como força indispensável na construção de um novo executivo. Arrisco uma antevisão: poderemos ter no futuro executivo duas forças que o dominarão: o CDS e o Partido Socialista.

Do PCP, segue em frente o senhor Jorge Fael, com um perfil de político dialogante e propenso à negociação – que faz parte da essência da democracia. O que pode, com surpresa ou não, tornar-se de suma importância num executivo algo fragmentado e, por isso, exigente em negociação. Esperemos para ver se Jorge Fael vai levar a Carta a Garcia.

Venha agora a tal díade, o mais importante de tudo.

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