Analista implementa serviço de recolha de sangue ao domicílio

Cláudia Lopes, 35 anos, vai às aldeias recolher sangue aos sábados. Diz que serviço, gratuito, é forma de ajudar população idosa que tem dificuldades em se deslocar

Trabalhou em Lisboa, numa empresa de análises clínicas e no Hospital Amadora Sintra. E constatou que lá, “é muito usual este serviço domiciliário. Aqui não, mas acredito que com o tempo, a população possa aderir”. Cláudia Lopes, 35 anos, licenciada em análises clínicas e saúde pública, pela Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), iniciou há cerca de um mês, na Cova da Beira, um serviço de análises ao domicílio, em que, basicamente, se propõe a recolher sangue para análises em lugares mais longínquos das sedes de concelho, como Fundão e Covilhã.

Segundo Cláudia, a deslocação que efetua não tem custos para o beneficiário do serviço e o objetivo é ajudar a população mais idosa que tem dificuldades de transporte para se deslocar aos centros maiores. “Há muita gente que não tem transporte. E na maioria das vezes, não tem autocarro. Tem que ir de táxi, o que é especialmente dispendioso para uma população que é idosa. A ideia é ajudar essas pessoas. Não cobro nada pela deslocação. Basta as pessoas terem a credencial. Vou lá, faço, trago para o laboratório e depois levo os resultados. Funciona por marcação. Tenho um acordo com um laboratório, na Covilhã, e obviamente recebo alguma remuneração por isso” conta.

A analista, que durante a semana exerce no Hospital Amato Lusitano, em Castelo Branco, para já apenas efetua este serviço ao sábado. Natural de Peroviseu, no concelho do Fundão, depois de trabalhar na capital, regressou às origens e constatou que, “infelizmente, a saúde não chega às aldeias”. “Tinha pessoas que me pediam se não podia ir lá a casa tirar sangue. Daí até lançar este projeto, foi um pequeno passo. Começou há cerca de um mês” conta ao NC.

Até ao momento, Cláudia já visitou sobretudo aldeias do concelho do Fundão (Peroviseu, Alcaria, Enxames, Capinha ou Três Povos), também já foi a Belmonte (Monte do Bispo) e já tem na calha, para os próximos tempos, o Ferro e Peraboa (Covilhã). Mas o objetivo é chegar a mais lugares. “A ideia é chegar o mais longe possível. Para já, os utentes são poucos. Analisei uma média de 25 pessoas neste primeiro mês. Mas acredito que cresça” afiança.

A analista, que se desloca em viatura própria, acredita que este serviço inovador pode fazer a diferença, em especial, junto da população mais idosa, embora as recolhas possam ser feitas em pessoas de todas as idades. “Ofereço o serviço, ao nível da deslocação, e isso é diferenciado. No que diz respeito ao material que uso, o laboratório fornece tudo. Se as pessoas tiverem as credenciais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), não são cobradas taxas moderadoras. Se tiverem de outro subsistema, como a ADSE, também se faz a análise, e se não tiverem, fazemos a análise que necessitarem, pagando cada uma das que sejam realizadas” frisa.

Para já, a grande dificuldade é as pessoas conhecerem o serviço. Daí que use as redes sociais para mostrar que, se não consegue ir fazer análises, a analista chega até sim. Uma divulgação a que a Junta de Freguesia da sua terra, Peroviseu, se associou. “Tem sido o principal obstáculo. E também alguma desconfiança. Quando as coisas são novas, as pessoas tendem a ficar de pé atrás, o que é natural” salienta.

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