Marisa Tavares
Presidente do SindicatoTêxtil da Beira Baixa)
Após a ação realizada/plenário, junto à empresa Paulo de Oliveira, no passado dia 17 de abril, e tendo em conta as declarações do presidente da ANIL, senhor José Robalo, ao NC, esclarecermos, para que fique claro, as suas questões.
Diz José Robalo: “Falam dos resultados das empresas, mas esquecem-se dos investimentos brutais que têm feito, porque se não os fizessem tinham de fechar”. Quanto a este ponto, efetivamente tem realizado, e bem, investimentos, no entanto, não mencionam os apoios aos quais recorrem para esses ditos investimentos, e o que é certo é que após estes investimentos o Grupo Paulo de Oliveira no final do ano de 2023 apresentou resultados positivos e livre de impostos cerca de 12 milhões de euros.
“Questionado sobre o valor do subsídio de alimentação, salientou que “não é uma questão de ser mais ou menos razoável, é o que está negociado”. Esta declaração só pode ser entendida por nós como cínica, pois este valor é o que está negociado porque ao longo dos anos a Associação Patronal se recusou a discutir qualquer aumento no subsídio de alimentação. Só em 2022, após a greve de 22 de julho, a que os trabalhadores aderiram em massa, é que a Associação Patronal aceitou negociar o subsídio de alimentação. E relembramos que já nesta altura a proposta que efetivaram foi a dos vergonhosos 0.15 cêntimos. E em 2023 voltaram a recusar negociar para o subsídio de alimentação.
José Robalo aludiu à “conjuntura internacional” para afirmar que “é necessário ter muita cautela e bom senso nestas coisas”. “Como é que estaremos daqui a um ano? Não estaremos numa guerra?” Existe sempre uma desculpa por parte da Associação. É a conjuntura económica que não é favorável, foi a pandemia, foi a guerra na Ucrânia, depois a guerra no médio oriente e agora é que poderemos estar numa guerra. Não existe justificação para as empresas não aumentarem e valorizarem os trabalhadores.
“Como é que podemos estar a negociar coisas a dois e a três anos?”, argumentou o senhor presidente da ANIL. Ora, também aqui só podemos dizer que é faltar à verdade, pois a proposta de podermos negociar para 2025 e para os próximos 3 anos partiu do representante das associações patronais. A diferença é que estes queriam negociar para os próximos 3 anos um aumento de acordo com o aumento da percentagem do Salário Mínimo Nacional, que sabendo nós já quanto será à partida “sendo o que está no acordo de rendimentos” iriamos ter um aumento de 0.15 cêntimos ao ano, o que nos levaria a ter em 2028 um subsídio de alimentação de 3.10 euros, que continuaria a ser vergonhoso para o sector.
Para que não restem dúvidas deixamos as propostas da ANIL e a contraproposta por nós apresentada em reunião e, à qual não quiseram sequer discutir, servindo de desculpa o encerramento das negociações.
Na tabela salarial para 2025, a proposta patronal para as categorias mais baixas era:
F – 881.00 euros
G – 878.00 euros
H – 877.00 euros
Subsídio de alimentação:
2025 – 0.15 cêntimos
2026 – 0.15 cêntimos
2027 – 0.15 cêntimos
2028 – 0.15 cêntimos
A nossa contraproposta, para as categorias F – 890.00 euros seriam mais 9.00 euros
G – 885.00 euros seriam + 7.00
H – 880.00 euros seriam + 3.00
Subsídio de alimentação:
2025 – 1.00 passaríamos para os 3.50 euros
2026 – 0.50 cêntimos passaríamos para os 4.00 euros
2027 – 1.00 passaríamos para os 5.00 euros
2028 – 1.00 passaríamos para os 6.00 euros
Agora deixamos aos leitores a avaliação das propostas apresentadas e se eram ou não exequíveis, tendo em conta os lucros das empresas, nomeadamente no grupo Paulo de Oliveira que em dezembro do ano de 2023 apresentou resultados positivos e livre de impostos cerca de 12 milhões de euros.
É ou não vergonhoso os salários e o subsídio aplicados no nosso sector?