Adufeiras do Paul celebram aniversário com festa comunitária

As Adufeiras do Paul completam vinte anos de existência e, para assinalar a data, promovem este fim de semana, entre sexta-feira e domingo, a primeira de duas residências artísticas com músicos convidados, que culmina com a realização de um espetáculo comunitário na tarde de dia 13, em local da vila a revelar.

Numa data redonda, o grupo regressa às origens, vinte anos após a apresentação do primeiro espetáculo etnomusical, “Canto(s) da terra”, para dinamizar o Sons da Ribeira, evento que, além de música, conta com círculos de poesia, percursos pela paisagem, tertúlias sobre arte, cultura e património e um encontro anti-mineração, que inclui uma caminhada pela paisagem da região e a reflexão sobre políticas extrativistas.

Junto à ribeira do Paul, durante três dias, para a criação comunitária, vão estar os músicos Teresa Campos, com a polifonia, Juan de la Fuente, com a percussão, e Tiago Candal, com o acordeão.

“Queremos olhar melhor para a ribeira e para as palavras. Desfrutar da experimentação em conjunto. Queremos, tranquilamente, conviver e partilhar as identidades que temos nas múltiplas relações que se criam da nossa personalidade com a dos outros. Queremos dar vida à vida. Trazer beleza à vida. Trazer alegria à vida. O espetáculo é um momento de performance final, incluído neste encontro multidisciplinar”, sintetizou, ao NC, JP Narciso, presidente da Casa do Povo do Paul, organismo a que estão associadas as Adufeiras do Paul.

Segundo JP Narciso, os três músicos foram convidados para “ajudarem a exponenciar a criatividade do lugar” onde as Adufeiras gostam de estar juntas.

A opção por duas residências artísticas, a segunda promovida mais para o final do ano, teve como intenção comemorar o passado e celebrar o futuro da etnografia.

Por um lado, comemorar “um tempo que reflete todo o trabalho etnográfico feito pelo grupo, não só de divulgação do nosso território e dos seus costumes, sem eiras nem beiras, mas também da criação contemporânea adjacente à versatilidade que se manifesta fortemente no grupo”, referiu o presidente da Casa do Povo do Paul.

JP Narciso frisou que, por outro, se quis olhar para onde caminhar e projetar as circunstâncias e vontades das Adufeiras.

“Queremos celebrar o futuro da etnografia, que tão bem se cruza com outras expressões contemporâneas. O futuro da memória coletiva e da importância da comunidade e do espaço público que se ocupa em coletivo”, acrescentou JP, filho de Leonor Narciso, mentora das Adufeiras.

Assim, a segunda residência artística vai ser marcada pelo registo de novos formatos culturais e “de um lugar criativo que seja ponte entre o que sabemos e o que desconhecemos, mas que queremos experimentar”, antecipou o presidente da Casa do Povo do Paul. A dança será um desses elementos.

Fundadas há vinte anos, as Adufeiras do Paul são um grupo com um número variável de mulheres que se juntam para cantarem, tocarem e dançarem as tradições locais e usam instrumentos de trabalho para fazerem percussão, lengalengas, ditados e dizeres para o canto.

“Levam a riqueza da expressão beirã aos cantos do país, e também até países vizinhos. São conhecidas pelas suas poupas de cabelo, saias rodadas de burel vermelho e amarelo e sacos grandes de farrapos onde levam os adufes, os seus membranofones famosos que ‘tocam com área’, algumas vezes enquanto cantam, outras enquanto dançam”, salientou JP Narciso.

O Sons da Terra, além de um encontro de percussão e performance, pretende abordar outros domínios e fazer uma festa, domingo, junto da comunidade do Paul.

 

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