“Não é tempo de experiências”

Alcina Cerdeira, 61 anos, vereadora na autarquia eleita pelo PSD, assume candidatura independente à Câmara. Garante conhecer bem os desafios que o concelho enfrenta e frisa que haver dois candidatos do atual executivo é sinal de vitalidade democrática

Após vários anos de vereadora, por que se candidata à Câmara?

A minha candidatura nasce de um compromisso profundo com o Fundão e com as pessoas que aqui vivem. Depois de 16 anos de experiência autárquica, conheço bem os desafios que ainda enfrentamos e acredito no enorme potencial transformador do concelho. Chegou o momento de colocar essa experiência e visão ao serviço da presidência da Câmara, para transformar intenções em resultados concretos. Respeito democraticamente todas as candidaturas, mas entendo que não oferecem a garantia de consolidar o caminho que o Fundão já percorreu. Não é tempo de experiências: há demasiado em jogo. Nestes anos como vereadora, aprofundei o contacto com as necessidades da população — na saúde, educação, cultura e políticas sociais — e desenvolvi projetos reconhecidos dentro e fora do concelho. Agora, quero liderar com ética, proximidade e coragem, centrando sempre as decisões no bem-estar da comunidade. A minha visão assenta em quatro pilares: pessoas, compromisso, liberdade e transparência. O Fundão não pode parar. Estou preparada para conduzir este novo ciclo com ambição, responsabilidade e verdade.

A herança deixada por Paulo Fernandes é pesada?

Não a encaro como um peso, mas como uma base sólida sobre a qual podemos continuar a construir. Ao longo dos últimos anos, o concelho enfrentou crises severas — da financeira aos incêndios de 2017, da pandemia à inflação provocada pela guerra, e agora novamente os incêndios de agosto passado. Ainda assim, conseguimos superar as dificuldades, reforçar a coesão social, atrair investimento público e privado e reduzir a dívida municipal em cerca de 45 milhões de euros. Esse legado resulta de muito trabalho coletivo. O meu compromisso é claro: valorizar o que está bem, corrigir o que precisa de mudar e abrir caminho para novas oportunidades. O futuro do Fundão não se constrói apenas a partir da gestão do passado, mas sobretudo projetando soluções para desafios como a habitação, a inovação, a mobilidade e a qualidade de vida.

Haver dois ex-vereadores a concorrer é sinal de divisão no executivo?

Não. Sob a liderança do Presidente Paulo Fernandes, todos os vereadores tiveram autonomia para desenvolver os seus pelouros. O facto de existirem duas candidaturas vindas do executivo é, antes de mais, sinal de vitalidade democrática. O que me distingue é o percurso de proximidade, de resultados concretos e reconhecidos. Confio que os cidadãos saberão identificar quem tem provas dadas na transformação de ideias em soluções reais e quem apresenta apenas intenções, muitas delas desfasadas da realidade que hoje vivemos no Fundão e no mundo.

O que considera que ainda falta fazer?

Há muito a consolidar e vários desafios estruturais pela frente. Concretizar a Estratégia Local de Habitação, assegurando casas acessíveis para jovens e famílias; melhorar a mobilidade, com transportes eficazes entre freguesias, zonas industriais e concelhos vizinhos; expandir áreas industriais e tecnológicas, aproveitando a dinâmica criada por empresas como a Capgemini e a Softinsa; requalificar o espaço público, com mais áreas verdes, limpeza e manutenção regular; valorizar o setor agrícola, através do Centro Agrotech e do projeto hidroagrícola Gardunha-Sul; e apostar na cultura e no desporto como motores de coesão social.

O trabalho autárquico é contínuo e exige uma estratégia integrada, projetada a médio e longo prazo. Não descurando os problemas do quotidiano a que temos de ir dando resposta, um presidente de câmara não pode limitar-se a gerir o imediato ou a pensar apenas nas próximas eleições. Deve servir o concelho com uma visão que vá além do seu ciclo político e dos interesses partidários.

Que prioridades tem para desenvolver o concelho?

As minhas prioridades são claras e centradas nas pessoas. Habitação acessível, para fixar jovens e famílias; emprego qualificado e inovação, com incentivos às empresas, apoio ao setor agrícola e aposta na economia digital e verde; requalificação urbana e mobilidade, com transportes interurbanos em parceria com a Covilhã, e maior investimento no espaço público; cultura e desporto como fatores de coesão, com programas como a Rede de Casas e Lugares do Sentir, as bolsas artísticas e os artistas residentes nas escolas; cooperação regional e internacionalização, reforçando redes como o Living Lab Cova da Beira, que já posicionam o Fundão como polo de inovação nacional e internacional. O meu partido é o Fundão. O objetivo é claro: criar um concelho mais justo, competitivo e preparado para o futuro.

Se perder, assume lugar de vereadora?

Todos concorrem para ganhar, e eu não sou exceção. Mas a minha candidatura não é um ato de vaidade — é um compromisso sério com a comunidade. Nunca procurei protagonismo político nem sonhei ser presidente de câmara; digo-o com sinceridade. Tenho uma vida realizada fora da política, da qual me orgulho, e sempre exerci ativamente a cidadania. Dito isto, tenho a vontade, a visão e a capacidade necessárias para liderar o Município. É nesse objetivo que estou totalmente focada neste momento.

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