O que o leva a candidatar-se à Câmara?
O dever de cidadania, de quem observa o rumo que o concelho tem tomado nos últimos largos anos e a vontade genuína de poder contribuir para uma nova era. Entendo que tenho as melhores condições para, em equipa e com novas pessoas, livres e competentes nas suas profissões, podermos iniciar uma nova forma de governação. Queremos trazer transparência, estratégia de desenvolvimento e eficiência na afetação de recursos, que são escassos. Tenho os conhecimentos e a experiência necessários para desempenhar a função de presidente de Câmara com diligência e capacidade de decisão e execução. A democracia precisa de alternância no poder. No concelho, o PS governa há 25 anos consecutivos. É altura de uma nova força política ter oportunidade de mostrar que consegue fazer melhor, com novas pessoas que não estão ligadas ao passado. A nossa candidatura oferece uma verdadeira alternativa.
Tendo sido deputado municipal, que balanço faz dos últimos quatro anos de governação?
Muito positivo, quer como deputado, mas também como líder de bancada. Foi possível manter toda a bancada firme, motivada e solidária. Procurámos sempre encontrar o equilíbrio em todas as posições e propostas, estando sempre ao lado do presidente de JF do PSD, mas também dos interesses de todo o concelho. A título de exemplo, viabilizámos a transferência de competências para as juntas do PS, mesmo quando, inacreditavelmente, a negociação com a de Caria ainda não tinha sequer sido feita, numa prova de equilíbrio e de visão una de todo o concelho. Lamento as inúmeras propostas que apresentámos ao longo de quatro anos, e que o PS invariavelmente chumbou. Com essa prática, o PS impediu que decisões necessárias e importantes para o desenvolvimento do concelho tivessem sido tomadas. Honrámos o lugar de deputados. Não foi o mandato de um homem, mas de uma grande equipa, que constitui a base para esta verdadeira alternativa que agora propomos.
No seu slogan diz que é preciso “Mudar Belmonte”. Em quê?
É necessário mudar Belmonte em diferentes dimensões. Primeiro, na forma de fazer as coisas. É necessário um espírito reformista do concelho que o traga para a modernidade. Desde a procura do equilíbrio financeiro que permita ter capacidade própria de investimento, à recuperação de infraestruturas básicas. É necessário mudar a forma de decisão. Temos de aportar capacidade de captação de investimento externo, público e privado, aproveitando todas as formas de financiamento. É urgente ter uma atitude proativa e não reativa, esperando que nos batam à porta. É necessário respeitar as equipas de trabalho, coordenando-as de forma clara e prestar-lhes a formação de que precisam para que se tornem produtivas. É fundamental mais planeamento estratégico, de forma que não se desperdicem recursos. Dou-lhe um exemplo. Quando se fazem alguns arranjos em estradas ou ruas, tem de ser planeado o que pode ser feito em simultâneo para que vários problemas fiquem resolvidos. Refiro-me à (substituição) rede de água ou à recolha de águas pluviais, bem como dos passeios ou arranjos laterais. O concelho tem de evoluir das valetas para as pedovias e ciclovias. É necessária uma mudança profunda na forma como se tem governado o concelho, e isso só será possível com pessoas diferentes. É uma ilusão pensar que com as mesmas pessoas, que seguem as mesmas práticas, se conseguem resultados diferentes. Os eleitores e concidadãos devem prestar atenção à composição integral das listas, e não olhar apenas para quem as lidera. É ainda necessária maior cooperação com os concelhos vizinhos e com instituições como a CIMBSE, CCDRC, Turismo de Portugal, entre outras.
Quais as prioridades que tem para desenvolver o concelho?
Todos entenderão que os primeiros tempos serão dedicados à procura do equilíbrio financeiro da autarquia. Não é possível o concelho não ter capacidade de investimento e estar sempre dependente de empréstimos bancários, de longuíssimo prazo, e que custam muito dinheiro em juros. Até para asfaltar algumas partes de algumas vias foi necessário contrair mais um empréstimo. Em simultâneo iremos montar um gabinete, com recursos próprios da Câmara, para preparação de projetos e de candidaturas, que pretende também apoiar o empreendedorismo. Impõem-se também, no curto prazo, a definição de planos de recuperação das infraestruturas rodoviárias, de água, saneamento/tratamento de resíduos e de comunicações. Queremos também repensar o ordenamento urbanístico, enquadrado naturalmente no que o PDM permitir. Temos como prioridade clara melhorar a mobilidade, quer ao nível rodoviário, quer ao nível de flexibilidade no transporte, mas também em ambiente urbano com a reparação de passeios e acessibilidades. Iniciaremos também um plano de exercício e saúde em todo o concelho, que iremos apresentar em breve. Sabemos para onde ir, e como fazê-lo. Não sabemos ainda a que ritmo será possível ir.
Já disse que não assume o lugar de vereador caso perca. Porquê?
Agradeço a oportunidade de clarificar. Em primeiro lugar, estou apenas focado na vitória, e muito confiante que isso aconteça. Vencendo, como espero, assumo o compromisso de ser o presidente de todos, com equilíbrio, capacidade de decisão, total empenho, dedicação e a tempo inteiro. Não brinco nem à política nem com as pessoas. O meu compromisso é total. Há quatro anos a lista que encabecei mereceu uma clara vitória e confiança dos eleitores. Durante esse tempo honrei esse voto de confiança, fazendo oposição como provavelmente nunca se fez em Belmonte. Os efeitos práticos não foram muito visíveis, mas isso decorre precisamente do número de presidentes de junta que o PS elegeu, tendo a maioria na Assembleia Municipal, bloqueando todas as nossas propostas. Conseguimos aprovar a transmissão online das sessões da AM mas, logo depois, o PS apresentou um regulamento para essas transmissões que o próprio PS chumbou, impedindo assim a concretização das mesmas. Além de cumprir o mandato que o eleitorado me deu, servi gratuitamente numa IPSS, tendo em cerca de três anos liderado uma equipa que conseguiu equilibrar financeiramente a instituição, trazendo-a de resultados negativos para resultados muito positivos, com grande conforto financeiro, ao mesmo tempo que realizámos um vasto plano de investimentos que a modernizaram. Entendo, pois, que, se as pessoas confiaram no meu projeto há quatro anos, é natural que tenha a expectativa de ter uma votação elevada. É esse exclusivamente o meu foco e não antecipo uma derrota. Em democracia temos o dever de ser claros e honestos com o eleitorado. Não sei ser de outra forma. Nessa eventualidade, que não antecipo, de não ser a lista mais votada, só poderei entender como perda de confiança em mim e nesse cenário não serei vereador. As pessoas, de mim, terão sempre verdade e honestidade. O eleitorado precisa também de saber, de forma inequívoca, bem antes das eleições, se os líderes das outras candidaturas assumem o lugar de vereador, o mandato inteiro, no caso de perderem.