Por entre “nuvens negras no horizonte” no arranque de mais um ano letivo, face a alterações à legislação laboral, à reorganização do próprio ministério da Educação, ou à revisão do estatuto da carreira docente, no distrito de Castelo Branco, segundo o Sindicatos de Professores da Região Centro (SPRC/FENPROF), a que mais se evidencia é “a falta de professores”.
Segundo o sindicato, essa é das principais preocupações das escolas do distrito onde existe o risco de haver alunos sem professores neste início do ano. A estrutura fez um levantamento das condições em 100 por cento dos agrupamentos de escola e escolas não agrupados, com as direções a referirem estar em falta, até 12 de setembro, 44 professores. “Caso estas necessidades não sejam suprimidas na reserva de recrutamento e/ou ofertas de escola que estão a decorrer, um elevado número de alunos ficará, não só sem apoios e coadjuvações, como também sem aulas” denuncia o SPRC, que adianta ainda problemas como a falta de recursos humanos (problema referido por mais de 60% das direções).
Nas respostas abertas a um questionário feito, são referidos outros problemas como a idade avançada do corpo docente, o incumprimento dos rácios de pessoal não docente, a falta de acompanhamento de alunos com necessidades específicas, ou a dificuldade em integrar os alunos imigrantes. O sindicato dá como exemplo o Agrupamento de Escolas Pêro da Covilhã, que tem 28 nacionalidades, e o Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto, com 29.
Além disso, o SPRC denuncia a insuficiência de créditos horários, as más condições físicas do edificado, dando como exemplo Penamacor onde o pavilhão desportivo, “apesar das chamadas de atenção à autarquia, corre o risco de não poder funcionar por que chove lá dentro, encontrando-se deteriorado”, e escolas sobrelotadas e turmas com “mais alunos que o legalmente previsto”. Problemas que, segundo a estrutura sindical, se verificaram nos últimos anos letivos, e se mantiveram.
A FENPROF anuncia que, perante “esta realidade”, retomou as greves ao sobretrabalho, componente não letiva de estabelecimento e horas extraordinárias. “Estas formas de luta têm permitido corrigir alguns abusos nas escolas e constituem um instrumento importante para defender os professores, reduzindo o desgaste provocado por práticas injustas e assegurando melhores condições para o exercício profissional”, salienta.
Na Covilhã, na última reunião do executivo camarário, a vereadora com o pelouro da educação, Regina Gouveia, garantiu que tudo estava pronto para arrancar com normalidade com o novo ano letivo. E disse estarem inscritos na Componente de Apoio à Família mais de 1500 alunos, “temos mais de 2000 passes escolares e as AECs iniciar-se-ão todas no primeiro dia letivo.” A autarca disse ainda que a população escolar da Covilhã está a crescer. “Nos últimos anos temos registado um acréscimo muito significativo no contexto da região centro”, concluiu.