“Quero uma Covilhã que seja o pilar de uma estratégia para a região”

Jorge Simões, 64 anos, engenheiro civil, é o candidato do PSD à Câmara da Covilhã. Mobilidade, habitação, água, saneamento e emprego são algumas prioridades para uma “capital de montanha” que “respire universidade”

Porque se candidata à Câmara da Covilhã?

Porque quero olhar cada covilhanense nos olhos e dizer: a Câmara está do vosso lado. Para devolver ambição, método e respeito pelo dinheiro público. Política, para mim, é serviço: transparência nas decisões, verdade nas promessas e honestidade nos resultados. Devolver ambição à Covilhã com uma liderança próxima, competente e focada em resultados. Quero acelerar a reconstrução pós-incêndio, atrair investimento, melhorar serviços essenciais e pôr as pessoas no centro das decisões. Acredito na força transformadora de uma comunidade ambiciosa e determinada, capaz de construir o seu próprio futuro. O meu único compromisso é com a Covilhã. A política deve ser um reflexo dos valores mais elevados da sociedade, um instrumento para promover a igualdade, a dignidade e o bem-estar de todos os cidadãos. Tenho uma forma diferente de fazer política, com opções políticas que nos voltem a pôr no caminho do desenvolvimento com base nos princípios de uma social-democracia; uma política orientada para uma sociedade livre e sem preconceitos, onde todos os covilhanenses encontrem respostas e auxílio na resolução dos seus problemas. Uma democracia construída nos princípios da ética e da moral pública.

Foi o primeiro nome a ser anunciado. A decisão de si e do partido estava tomada há muito?

A decisão do partido coube aos militantes e dirigentes do PSD. Como todos sabem sou candidato independente, pelo que não sendo militante, não participo em decisões que dizem unicamente respeito ao partido. Fui convidado após aprovação do meu nome pela comissão política concelhia do PSD, alicerçada no perfil que melhor se identifica com o ideário programático do PSD, foi o que serviu de base a todo este percurso. A decisão foi preparada com serenidade e escuta. Disse “presente” quando percebi que a Covilhã precisava de uma liderança que juntasse independência de espírito, competência e sentido de missão. Anunciar cedo serviu para começar a trabalhar mais cedo, com as pessoas.

O PSD, com Carlos Pinto, governou quase duas décadas. Mas não tem recuperado a autarquia ao PS. O que falhou?

Os ciclos políticos autárquicos renovam-se de quatro em quatro anos. Cada um teve os seus protagonistas, as suas características e especificidades. As histórias são conhecidas, assim como os motivos, os resultados e as conclusões. Quando faltam um projeto claro, mobilizador e proximidade, cresce a distância entre a Câmara e a vida real. Eu proponho o inverso: um rumo claro para todo o concelho, metas públicas, prestação de contas e trabalho de rua, freguesia a freguesia. Junto experiência de gestão, espírito de equipa e metas públicas com prestação de contas.

Que balanço faz dos 12 anos de governação socialista?

Reconheço alguns investimentos pontuais, mas o essencial ficou por fazer: mobilidade, habitação, economia local, gestão da água e prevenção estrutural de incêndios. Perderam-se oportunidades e tempo. E o tempo, em política, paga-se em qualidade de vida. O diagnóstico da situação é claro e factual: desertificação e perda de população jovem, em especial nas freguesias rurais; carência de habitação acessível, dificultando a fixação de famílias e estudantes; serviços públicos desiguais, com zonas rurais menos servidas; pouca diversificação económica, com um tecido empresarial pouco atrativo para novos investidores; infraestruturas turísticas subaproveitadas, num concelho com enorme potencial natural e histórico e desafios na mobilidade, com transportes insuficientes e mal articulados.

A Covilhã estagnou, evoluiu ou andou “para trás”?

Estagnou em áreas decisivas e degradou-se em outras. O potencial existe, faltou direção e capacidade de entrega. A análise aos últimos quatro anos de governação socialista na Covilhã revela um ciclo marcado por estagnação, ineficiência e perda de oportunidades para o concelho. É preciso reconhecer os problemas para encontrar soluções viáveis. A partir da análise fundamentada da situação, o que temos: retrocesso demográfico preocupante; falta de investimento público e infraestruturas paradas; habitação inacessível; serviços públicos desequilibrados; tecido económico pouco competitivo; turismo mal aproveitado; problemas de mobilidade; fraca eficiência financeira. Em síntese, os últimos quatro anos foram marcados por promessas não cumpridas e uma gestão incapaz de dar respostas concretas aos desafios do concelho. A Covilhã precisa de uma nova liderança, com visão, capacidade de execução e compromisso com o futuro.

Qual é a Covilhã que idealiza para o futuro?

Uma capital de montanha, que respira universidade e empreendedorismo: segura, verde, com transportes a funcionar, bairros reabilitados, cultura viva todo o ano e uma economia que fixa talento. Uma cidade moderna que progride com uma identidade que permanece. Para além disso, quero uma Covilhã que seja o pilar de uma estratégia para a região, que esteja na linha da frente como a locomotiva do desenvolvimento regional.

Quais as prioridades que tem definidas?

Sete frentes, todas com metas e calendário: reconstrução e resiliência pós-incêndio; transportes e acessibilidades; água e saneamento com tarifas justas e menos perdas; habitação e reabilitação urbana; economia/emprego – “Covilhã Invest”; saúde, educação e coesão social; cultura e desporto de proximidade. Prioridade transversal: governar à vista, com relatórios públicos. Dar prioridade á ação social, ir ao encontro de políticas que melhorem a qualidade de vida e bem-estar dos mais necessitados e carenciados, á criação de emprego, habitação e educação, não esquecendo as infraestruturas que alavancam a economia e a sustentabilidade. Programas de habitação acessível, com reabilitação de edifícios antigos e construção de novas habitações, são cruciais para atrair jovens e famílias. Investir em educação de qualidade, desde creches até ao Ensino Superior, é fundamental. Para melhorar verdadeiramente a Covilhã, é essencial apostar em áreas estratégicas que respondam às necessidades reais da população e promovam o desenvolvimento sustentável do concelho.

Em que assenta o seu programa?

Nas seguintes áreas: administração mais eficiente e autónoma; saúde mais próxima e acessível, a saúde será uma prioridade absoluta; O programa inclui as medidas seguintes: criação de unidades móveis de saúde para freguesias rurais; reforço da rede de cuidados primários, com mais médicos de família; implementação de um programa de promoção da saúde mental, com ações comunitárias e linhas de apoio; criação de um seguro de saúde municipal, garantindo cuidados de proximidade, especialmente à população mais idosa, que hoje não encontra resposta no SNS. Educação e atração de novas famílias; apoio ao mundo rural e à agricultura; captação de fundos e apoio às freguesias; inovação digital e inclusão tecnológica; e mobilidade urbana sustentável.

Acessibilidades e transportes têm sido problemas. O que quer fazer?

Reorganizar a rede com horários que servem pessoas, ligações fiáveis, entre a UBI, hospital, centro da cidade e zonas industriais, bilhética simples e passes sociais. Serviço flexível nas freguesias, manutenção acelerada de vias, mais segurança rodoviária e mobilidade suave (percursos pedonais, ciclovias, elevadores onde fizer sentido). Rede Municipal de Transportes Públicos, com passes acessíveis (tendencialmente gratuitos) para jovens, estudantes e seniores. Passe único CIM-BSE para os 15 concelhos (rodoviário e ferroviário); transporte flexível a pedido e partilhado (MobiFlex.BSE). Rede de ciclovias urbanas e caminhos pedonais seguros, apostando numa mobilidade sustentável. Novos elevadores e funiculares para quem se desloca pela cidade. Prestação do serviço público em todo o concelho através do contrato de concessão do serviço postal universal; implementação da tecnologia 5G, promovendo a total cobertura municipal, com inovação nos serviços digitais e a transformação digital da economia.

Gestão da água: mantêm parceiro privado ou resgate é o caminho?

Há 12 anos prometeram baixar a fatura da água; hoje ela continua a pesar no orçamento das famílias, sobretudo nas que têm menos. Em 2024, optaram pelo resgate da ADS sem negociação séria; em 2025, quase todas as candidaturas fogem do essencial: aliviar a conta dos covilhanenses. No saneamento, iremos à mesa com a ADS para baixar a taxa; se não houver acordo, avançaremos para um resgate juridicamente sólido e financeiramente responsável. Na gestão da água, não há cheques em branco: na Águas da Covilhã (ADC) impomos uma auditoria independente ao contrato e à rede e só renegociamos com garantias escritas de investimento, redução rápida de perdas e descida efetiva do preço para o munícipe. Atacamos de frente a água não faturada, que tem rondado os 24% (média 2020–2023). Cada metro cúbico recuperado é menos água a captar e tratar: menos custos, contas mais justas, menos ruturas, melhor serviço e mais segurança hídrica quando a seca aperta. Começamos pelo que faz diferença já: devolver aos consumidores os lucros da ADC — o Município detém 51% — através de créditos diretos nas faturas de janeiro e julho; corrigimos injustiças antigas, reduzindo, até eliminar, o aluguer do contador e acabando com o custo de instalação. Esta é a diferença política: enquanto uns se escondem atrás da palavra “resgate” e deixam promessas por cumprir, nós apresentamos solução, calendário e prestação de contas. Para nós, a água não é um pretexto de campanha; é um direito que tem de caber no fim do mês. Baixar a fatura não é slogan: é decisão.

O que fazer para fixar mais gente?

Emprego qualificado (menos burocracia e apoio ao investimento), habitação acessível e reabilitação, creches e apoio às famílias, impostos previsíveis (IMI familiar) e uma agenda cultural/desportiva que faça querer ficar, e voltar.  Os jovens como motor da revitalização rural com políticas públicas e iniciativas focadas na juventude, aumentar a participação dos jovens no setor agrícola, valorizando e acompanhando os projetos nos quais participam.

A UBI é hoje central. Que relação quer manter?

Estratégica e diária: CityLab UBI–Câmara, estágios e pré-compras públicas para startups, projetos com UBIMedical e CHCB, residências estudantis e transferência de conhecimento para a economia local. Quando a universidade cresce com a cidade, a cidade cresce com a universidade. Fortalecer o ecossistema de inovação: UBI, UBIMedical, Parkurbis, centros de investigação e startups locais. Reforçar o papel do Parkurbis na captação de investimento e apoio ao empreendedorismo tecnológico. Incentivos às empresas que empreguem alunos da UBI e apoiem estágios com integração profissional. Centro de Saúde Universitário e Centro Integrado de Saúde de Montanha, (Centro para atletas de Alto Rendimento) envolvendo a UBI. Criar o “Campus Covilhã” com a UBI, integrando universidade e cidade.

E nas freguesias, o que será prioritário?

Orçamento de proximidade, plano anual de pequenas obras, caminhos agrícolas, água e saneamento, proteção civil local (ULPC), transporte flexível e apoio estável a IPSS e associações. Ninguém fica para trás, nem no centro, nem nas aldeias. Reforçar o apoio à rede de cuidados primários, garantindo mais médicos de família; criar unidades móveis de saúde para freguesias rurais; descentralização da oferta cultural para freguesias rurais com transporte coletivo gratuito para eventos culturais. rede escolar do concelho e de espaços digitais (coowork) dirigidos a jovens empreendedores a criar em todas as freguesias e na cidade. Reforçar a rede de Espaços do Cidadão nas freguesias.

Este ano há mais candidatos. Isso é bom ou mau para si?

É bom para a democracia. Eu foco-me no essencial: apresentar soluções claras e cumpri-las. O resto decide-se nas urnas e mede-se no dia seguinte, quando é preciso começar a fazer. A minha visão é clara, uma sociedade onde cada indivíduo tem a oportunidade de prosperar, onde a honestidade e a integridade são a base de todas as ações. Quero que todos se sintam valorizados e ouvidos, porque só assim poderemos garantir que a Covilhã seja um lugar onde cada um possa realizar os seus sonhos.

O que será um bom resultado a 12 de outubro?

Vencer com maioria estável para executar o programa e os compromissos assumidos com o concelho, desde o primeiro dia. Governo é serviço: metas, prazos e resultados.

Se perder, assume o lugar de vereador?

Sim. Quem pede confiança tem de a honrar sempre: se vencer, governarei; se não, serei oposição construtiva e exigente. A minha assinatura é compromisso, na vitória e na derrota.

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