O que o leva a candidatar-se à Câmara?
Um profundo compromisso com a minha terra. Mais que uma ambição política, é um apelo sentido, uma resposta à necessidade urgente de um novo rumo para o concelho. Não me movo por desejo de glória pessoal ou vantagens financeiras, mas sim pelo imperativo de servir o bem maior. É o amor e o dever que sinto por este concelho que me impulsionam a dar este passo. É o conhecimento, a experiência e a paixão que me movem a querer construir uma Manteigas mais forte, justa e próspera. A minha vida sempre esteve ligada a Manteigas, e a minha experiência como vereador é a prova de que posso e sei como contribuir. Esta candidatura é a continuidade desse trabalho. Reúno as melhores condições para ser o presidente de Câmara que Manteigas precisa e merece.
Foi, neste mandato, a maioria do tempo vereador eleito pelo PSD. O que o leva a mudar para o PS?
A saída do PSD e a mudança para o PS não foi uma decisão fácil, mas inevitável, impulsionada por situações que se tornaram incompatíveis com os meus valores. Durante três décadas, dediquei-me e fui leal ao partido, mas houve uma série de eventos que me levaram à rutura. Em primeiro lugar, a traição e a falta de lealdade por parte de órgãos distritais e nacionais do PSD. Pouco depois das últimas autárquicas, começaram a convidar pessoas com quem eu nunca trabalharia, demonstrando um total desrespeito por mim e pela minha equipa. Esta atitude minou a confiança. Em segundo, a cobertura dada a ambições pessoais desmedidas. Não posso compactuar com a promoção de indivíduos que não têm a mínima competência ou preparação para os cargos que se propõem a ocupar. Afastei pessoas por mau desempenho e até por suspeitas de favorecimentos. A honra pessoal não prescreve, e a atitude do partido de continuar a apoiá-las ou a colocá-las na ribalta é algo que me repugna. Nunca poderei concordar. Em terceiro, a traição ao Interior. Com o PSD no governo, ficou claro que os interesses pessoais de alguns se sobrepunham à preocupação em servir o território. Um dos momentos mais dolorosos foi o voto contra a abolição das portagens nas ex-SCUT, uma medida crucial para o desenvolvimento do Interior, que eu defendia. Por fim, a constatação de que “muita gente era má companhia”, com a condenação de vários autarcas do partido. Com este cenário, informei atempadamente a minha saída e desfiliação. Na sequência, o PS de Manteigas lançou-me o desafio de criar uma grande coligação de vontades. Aceitei, porque vi na proposta a possibilidade de colocar a minha experiência, capacidade de trabalho e conhecimento novamente ao serviço de Manteigas, sem ferir os ideais de democracia e respeito.
Quais os principais problemas que pensa ainda existirem no seu município?
Apesar da abundância financeira sem memória que o concelho teve, a gestão atual foi marcada pela paralisia. O potencial imenso da nossa terra tem sido desperdiçado pela inação, pela falta de visão e pela primazia da imagem sobre a realidade. Os problemas que ainda persistem são estruturais e exigem uma abordagem séria e proativa. Temos uma economia estrangulada. Os grandes investimentos, como o Ski Parque, continuam sem solução. A unidade de engarrafamento de água continua um peso morto. A maioria da construção de habitações a custos controlados, financiadas pelo PRR, não se concretizou. É urgente trabalhar na captação de investimento que possibilite a criação de emprego e a fixação de pessoas. Temos um turismo sem visão. A aposta cega nas redes sociais não trouxe riqueza. A ausência de promoção do concelho é um crime contra o nosso potencial. É imperativo combater a sazonalidade. A nossa candidatura porá em ação medidas para solidificar os fluxos turísticos e garantir que a nossa terra não esteja cheia numa época e vazia durante o resto do ano. A educação foi negligenciada. Não foi prioridade. A Escola de Hotelaria tem infiltrações e condições de salubridade, que afetam o bem-estar dos alunos. A prometida requalificação da escola C+S não avançou. Temos uma saúde em agonia. Há uma resignação dolorosa perante o estado do SAP (agora SAC) e a ausência de médicos. O regulamento de incentivo para a sua captação ficou engavetado. E a ausência de um projeto para as piscinas da vila é mais um exemplo de falta de visão e de resposta. Temos infraestruturas cansadas e elas são o esqueleto do desenvolvimento. A falta de condições de trabalho para os funcionários dos serviços externos da autarquia e a não remodelação das instalações municipais são um desperdício. As acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida continuam a ser um desafio diário. Ter uma das principais ruas de Manteigas, onde as pessoas e carros circulam na mesma faixa, porque não há passeios, não é uma situação aceitável no século XXI. A necessidade de construção de um pavilhão multiusos, há muito defendida, permanece no papel. A falta de revisão dos acordos de delegação de competências com as freguesias rurais tem-nas penalizado. A total ausência de investimento nestas comunidades, que são o coração da nossa identidade, é lamentável.
Que ideias defende para desenvolver o concelho?
O desenvolvimento passa por sair do marketing para a concretização. As minhas ideias são baseadas num plano de ação realista e exequível, focado em cinco eixos: a captação de investimento, que será a nossa primeira prioridade. O crescimento do tecido empresarial, a criação de emprego e a fixação de pessoas e famílias são fundamentais. É preciso bater a várias portas, não apenas esperar que as coisas aconteçam. Vamos concretizar um plano com incentivos fiscais e apoio à criação de empresas. Em segundo lugar, iremos focar-nos no turismo e no combate à sazonalidade. Diversificar os produtos, aproveitando o nosso vasto potencial para o turismo de natureza, aventura e bem-estar. Em terceiro, a educação, que será um pilar central. Vamos requalificar a escola C+S, garantir as melhores condições para a Escola de Hotelaria, e implementar a gratuitidade de prolongamentos de horário, lanches e atividades extracurriculares. Em quarto, a saúde e o bem-estar. Iremos lutar pela captação de médicos, implementando o regulamento que ficou engavetado. Finalmente, a valorização das freguesias e a melhoria das infraestruturas são essenciais. Vamos rever os acordos de delegação de competências, dando os meios e a autonomia para as freguesias rurais prosperarem. Iremos construir o pavilhão multiusos, melhorar as acessibilidades e garantir que as instalações municipais oferecem condições dignas de trabalho. A minha candidatura é a da ação e da concretização, em oposição à inércia e ao marketing político.
Se perder, assume o lugar de vereador?
A minha candidatura é um compromisso total com Manteigas, com o objetivo claro e inegociável de vencer as eleições. Ninguém se candidata para perder, e eu não sou exceção. No entanto, o meu amor por Manteigas e o meu compromisso são maiores do que qualquer resultado eleitoral. A minha experiência de 32 anos na política, e o meu trabalho no último mandato como vereador da oposição, provam que posso e sei como ser útil ao concelho, independentemente da minha posição. Se o povo decidir que o nosso projeto não é o vencedor, o meu compromisso com a terra e a minha gente não diminui. Assumirei o lugar de vereador, continuando a lutar, a fiscalizar e a trabalhar incansavelmente para que Manteigas progrida. O meu objetivo é servir Manteigas e não a mim próprio. Se a vontade dos eleitores for que eu continue a servir na oposição, fá-lo-ei com a mesma paixão, o mesmo rigor e a mesma dedicação que me movem desde o primeiro dia.