Mulher esperança
“A minha vida entre chimpanzés” foi uma reportagem realizada por Jane Goodall para o National Geographic em Agosto de 1963, em que a autora relatava as suas primeiras revelações obtidas nas pioneiras observações dos primatas. Abrindo caminhos, descobrindo um novo mundo, e guiando-nos por ele, passando uma mensagem de imensa sensação de paz.
Esta mulher foi mesmo um brutal sinal de esperança. Graças à sua força, fomos inspirados para uma relação de harmonia entre os humanos e o mundo animal. Durante mais de sessenta anos partilhou a sua vida com chimpazés selvagens na Tanzânia, estudando-os e apaixonando-se pelo seu habitat e modo de vida, Jane disse um dia que teria “estudado qualquer animal”, mas se sentiu extremamente sortuda por ter tido a oportunidade de estudar o parente vivo mais próximo do homem na natureza.
Começou a sua observação em Julho de 1960 na selva de Gombe, e ao mesmo tempo estudava em Cambridge. A sua tese de doutoramento “O comportamento dos chimpanzés de vida livre na Reserva do Riacho Gombe”, e essa qualificação académica concluída em três anos foram um primeiro passo para o reconhecimento mundial do valor das suas pesquisas, que evoluindo, ano após ano, constituem hoje um extraordinário legado. Bem patente por exemplo em Becoming Jane, uma exposição itinerante criada em 2019 pela National Geographic, e que continua a ser mostrada pelos Estados Unidos.
Jane escreveu muito, leccionou e foi reconhecida por estados, governos, organizações não governamentais, e universidades de todo o mundo. O seu trabalho foi muito premiado, e o seu contributo para um mundo melhor, conferiu-lhe a nomeação de Mensageira da Paz pelas Nações Unidas. Em 1977 fundou um instituto com o seu nome criado inicialmente para ajudar a sua pesquisa em África, hoje tem várias delegações que promovem programas humanitários e ambientais.
Graças ao pioneirismo da sua dedicação, compreendemos bem melhor, como os animais são seres sensíveis e inteligentes. Numa biografia autorizada, Dale Peterson escreveu; “Ela foi a Mulher que definiu o Homem”. Numa missiva a que chamou “Lembrando Jane”, o Instituto Jane Goodall informou que a sua fundadora “faleceu enquanto dormia”. Em paz, portanto.