Porque se candidata à Câmara?
Candidato-me com sentido de missão, porque amo a Covilhã e acredito que posso contribuir, de forma positiva e construtiva, para o desenvolvimento do nosso concelho. Quero fazer a diferença e fazer acontecer. A experiência que adquiri ao longo da minha vida política, bem como as ligações e a credibilidade que construí junto dos centros de decisão nacionais e europeus, serão colocadas ao serviço da Covilhã. Estou determinado em atrair investimento, criar oportunidades e contribuir ativamente para o futuro da nossa terra.
O seu nome foi um, entre vários, dos que eram apontados como candidatos do PS. Porque é que acha que a escolha recaiu em si?
Sim, é verdade. Inicialmente havia cinco pré-candidatos, mas três acabaram por retirar as suas candidaturas. Os órgãos do PS votaram de forma clara e expressiva a favor da minha candidatura. Participo há mais de 25 anos nos processos de escolha dos candidatos autárquicos do PS no concelho e posso afirmar que este foi, provavelmente, o processo mais aberto, transparente e participado de que tenho memória. Acredito que a decisão refletiu uma avaliação ponderada sobre quem estaria em melhores condições para se apresentar a eleições, unir o partido e mobilizar os covilhanenses em torno da renovação de um projeto de desenvolvimento coletivo.
O facto de ter trabalhado durante muitos anos com Vítor Pereira significa continuidade nas linhas gerais da governação, ou quer mudar alguma coisa?
Para além das naturais diferenças de personalidade e estilo de liderança, acredito que devemos dar continuidade ao que está a correr bem e, com humildade, aprender com o que correu menos bem para corrigir, melhorar e fazer diferente. Não se trata de uma continuidade cega, mas sim de um compromisso com os covilhanenses: manter o que funciona, mudar com determinação o que precisa de ser mudado. Sou o único candidato com capacidade para começar a trabalhar desde o primeiro dia. Conheço em detalhe os principais dossiês do concelho e tenho uma visão muito clara sobre as mudanças imediatas que precisamos de implementar
Que balanço faz dos 12 anos do anterior autarca?
Um balanço globalmente positivo. Há 12 anos, a Covilhã era uma autarquia fortemente endividada, com pouca margem de manobra e isolada — quer no relacionamento com o poder central, quer com as autarquias vizinhas e as instituições do concelho. Hoje, o Município apresenta contas equilibradas, uma dívida fortemente reduzida e um recorde de fundos captados — para habitação, escolas, capacitação turística, transportes e cultura. Houve uma clara aposta na regeneração urbana, na requalificação do centro histórico, dos bairros sociais e dos equipamentos escolares. Este trabalho permitiu-nos alcançar reconhecimento nacional e internacional em áreas como a cultura, a educação, o turismo e o investimento empresarial. A classificação como Cidade Criativa da UNESCO, o crescimento da procura turística, os prémios conquistados e o aumento do investimento privado são prova disso. Reforçámos também a cooperação institucional — com o Governo, com as autarquias vizinhas, com as freguesias, com a UBI, com o setor privado e com a sociedade civil. A Covilhã tem hoje uma rede de parcerias forte, ativa e fiável, essencial para enfrentar os desafios do futuro.
A Covilhã estagnou, evoluiu ou regrediu neste tempo?
Evoluiu. Ao longo destes 12 anos, reforçámos a cooperação com a UBI e consolidámos a imagem de uma cidade universitária, criativa, dinâmica, sustentável e inclusiva. A nossa afirmação regional, nacional e internacional é hoje mais forte. A Covilhã é hoje um concelho mais desenvolvido, mais reconhecido e com melhor qualidade de vida. Tem maior capacidade de atrair pessoas, investimento e talento — condições essenciais para criar mais emprego e garantir melhores salários para os nossos cidadãos.
Qual a Covilhã que idealiza para o futuro?
Queremos imprimir uma nova dinâmica autárquica para construir uma Covilhã com mais qualidade de vida: com mais habitação acessível, melhores estradas, passeios seguros e espaço público cuidado em todas as freguesias. Idealizamos um concelho mais sustentável, com mais árvores, espaços verdes e parques públicos pensados para as famílias. Uma cidade mais limpa, mais saudável, mais cosmopolita — com melhores condições de educação, de saúde, de apoio ao envelhecimento ativo e com oportunidades para que crianças e jovens possam concretizar os seus sonhos. Tudo isto será feito com base numa democracia mais participada, ouvindo e envolvendo a comunidade em todas as decisões importantes. Pensar em conjunto, decidir com responsabilidade e agir com determinação — sempre em nome do interesse coletivo. É esta a Covilhã que queremos construir, com todos e para todos, a partir de 12 de outubro.
Que prioridades tem definidas?
Estão bem definidas e começarão logo no dia seguinte às eleições. Em primeiro lugar, vamos dar continuidade ao plano de emergência de resposta às zonas afetadas pelo incêndio de agosto. Esta resposta passa por intervenções urgentes: sustentação de solos, contenção de terras, proteção de linhas de água e ribeiras, que podem estar em risco com as primeiras chuvas. Em simultâneo, arrancamos com um levantamento exaustivo do estado das estradas e passeios em todo o concelho. Este será o ponto de partida para o Plano de Regeneração de Estradas e Passeios, com obras no terreno já nos primeiros três meses de mandato e um cronograma contínuo para os quatro anos. Outra prioridade fundamental é a habitação. Vamos dar continuidade à Estratégia Local de Habitação, criando condições para mobilizar o setor privado e apoiar o surgimento de cooperativas. O objetivo é claro: disponibilizar casas a preços acessíveis para as famílias e os jovens que vivem, ou querem viver, na Covilhã. Estas são as prioridades imediatas. Mas há mais. Queremos intervir nas infraestruturas desportivas: construir dois novos campos sintéticos no Complexo Desportivo, requalificar equipamentos existentes e avançar com projetos fundamentais como a nova piscina e o pavilhão multiusos. Estas medidas integram uma estratégia mais ampla: criar um concelho mais atrativo, com mais qualidade de vida, que consiga crescer em população e captar famílias, investimento e talento para a Covilhã.
As acessibilidades e transportes têm sido alguns dos problemas que o povo aponta. O que quer fazer nesse âmbito?
A mobilidade, os transportes e as acessibilidades são hoje temas críticos para qualquer território que queira ser moderno, inclusivo e competitivo. Na Covilhã, vamos dar um passo decisivo nesta área. A nossa prioridade é transformar os transportes públicos em todo o concelho. Queremos mais e melhores serviços, e vamos negociar com o Governo para implementar um preço máximo de passe de 30 euros por mês, à semelhança do que já acontece na Área Metropolitana de Lisboa. Esta é uma medida de justiça territorial e social. No espaço urbano, vamos rever horários e rotas para garantir um serviço mais frequente, mais abrangente e mais eficiente. Fora do centro urbano, vamos reformular a oferta atual e complementar o serviço regular com transporte flexível e a pedido, garantindo mobilidade a todas as freguesias. Outro eixo essencial é a requalificação do espaço público. Precisamos de mais estacionamento e de ruas com melhor piso, mais limpas e seguras, com passeios acessíveis para todos, independentemente da idade ou condiçãoo física. O nosso objetivo é claro: devolver o espaço público às pessoas, tanto na cidade como nas aldeias.
Na gestão da água, como será? O resgate é o caminho a continuar?
Iremos avaliar cuidadosamente o ponto de situação da concessão do serviço de distribuição de água e saneamento. A nossa decisão será tomada com base nas conclusões dessa análise e sempre orientada para a defesa do superior interesse dos covilhanenses. Mantenho a ambição que o PS defende há muitos anos: trabalhar para aliviar a fatura mensal que pesa sobre os nossos munícipes, e que continua a ser excessivamente elevada e desalinhada com a média nacional.
O que fazer para fixar mais gente?
A resposta está em melhorar, de forma integrada e consistente, a qualidade de vida no nosso concelho. Devemos trabalhar por mais e melhores creches, escolas de excelência, continuar um projeto educativo diferenciado, melhores cuidados de saúde, uma oferta cultural mais descentralizada e acessível, infraestruturas desportivas modernas, transportes públicos eficientes, mais espaços verdes, praças e passeios requalificados e uma ligação mais forte ao rio Zêzere e à Serra da Estrela. No fundo, trata-se de construir um concelho onde os cidadãos encontrem espaço para realizar os seus sonhos e projetos pessoais, familiares e profissionais. Se colocarmos os cidadãos no centro da nossa ação, não tenho dúvidas de que conseguiremos gerar a dinamização económica e o emprego necessários para que mais pessoas queiram viver e ficar na Covilhã. Que tem todas as condições para continuar a ser um farol e motor do desenvolvimento regional e, como mostram os estudos demográficos de médio prazo, um dos poucos territórios do Interior com capacidade real para resistir ao despovoamento e ao inverno demográfico. A nossa ambição é, não só resistir, mas sim crescer em população.
A UBI é hoje uma das instituições mais fortes da cidade. Que relação quer manter com ela?
A UBI é, provavelmente, a principal impulsionadora social e económica do concelho da Covilhã. Por isso, queremos estreitar e dinamizar essa relação, desafiando a academia a trabalhar em parceria com a autarquia na construção de soluções concretas para os problemas reais dos covilhanenses. A cidade tem desafios — a academia tem o conhecimento e a capacidade para gerar soluções. Esta simbiose entre a UBI e a Câmara será mutuamente benéfica: a comunidade beneficiará da aplicação prática do saber universitário, e a academia ganhará oportunidades reais para aplicar os seus projetos e ideias no terreno. A UBI será também um parceiro estratégico da Câmara Municipal em projetos estruturantes para o futuro da Covilhã, como a piscina municipal coberta, o pavilhão multiusos, ou a criação da Zona Livre Tecnológica da Covilhã. Este projeto permitirá impulsionar a economia de áreas como a saúde, as tecnológicas, a inteligência artificial, o turismo ou a prevenção e combate a incêndios florestais. Esta visão partilhada permitirá à Covilhã atrair e fixar talento, criar empregos qualificados e garantir melhores salários.
E nas freguesias, o que será prioritário?
Vamos prosseguir o trabalho de acompanhamento e atenção permanente, procurando dar respostas às necessidades especificas de cada uma. Com uma estratégia comum: reforçar, valorizar e maximizar a identidade de cada aldeia, requalificar o espaço público e a higiene, as estradas, caminhos e acessibilidades, incluindo as telecomunicações, a habitação e a mobilidade. É nosso desejo estabelecer Contratos de Desenvolvimento com cada uma das freguesias que nos permita ao longo dos 4 anos estabelecer metas concretas e concretizar projetos estruturantes e transformadores de cada freguesia. Pretendemos também levar mais cultura às nossas aldeias, aproveitando as infraestruturas de que dispõem e continuar o projeto “Conhecer o Concelho” que leva os alunos a conhecer todas as nossas aldeias. Queremos reforçar o nosso “Centro de Ativ’dades” e alargar a sua ação às nossas aldeias. Queremos promover um envelhecimento ativo, e promover o “saber fazer” e a sabedoria acumulada de uma vida. É essencial que as novas gerações aprendam com os mais velhos as nossas tradições e os costumes que são a riqueza diferenciadora das nossas comunidades e aquilo que nos torna verdadeiramente únicos.
Este ano há mais candidatos à autarquia. Isso é bom ou mau para si?
Vejo com naturalidade e apreço o aumento de candidatos. Valorizo profundamente a liberdade, a democracia, a participação cívica e a vontade de todos se envolverem nas decisões coletivas, neste caso, na escolha dos responsáveis autárquicos para os próximos quatro anos. Este é o momento certo para que quem sente ter ideias, condições e disponibilidade para retribuir à comunidade aquilo que ela nos dá, se apresente e contribua para o debate democrático. Acredito também que esta deve ser uma oportunidade para, com lealdade, frontalidade e respeito mútuo, todos os candidatos apresentarem as suas ideias, explicarem os seus projetos e debaterem com clareza as diferenças e os pontos de convergência. Os cidadãos merecem esse esclarecimento, e a democracia exige essa transparência, para que os eleitores possam fazer uma escolha livre, consciente e informada.
O que será um bom resultado a 12 de outubro?
Naturalmente, apresento-me a estas eleições com a ambição de vencer e renovar o pacto de confiança com os covilhanenses.
Se perder, assume o lugar de vereador?
Estou demasiado focado no trabalho e no caminho para a vitória, que ambiciono, e sinceramente ainda não pensei nesse cenário. Como republicano e democrata, posso garantir que sempre respeitei e respeitarei aquilo que for a vontade soberana do povo.