“Portugal tem pouco público, não é só a Covilhã”. E por isso, é preciso apostar nos mais novos de modo a criar os espetadores do amanhã. É pelo menos isso que defende Fernando Sena, diretor artístico da 43ª edição do Festival de Teatro da Covilhã, que decorre entre 13 e 22 de novembro, com seis espetáculos (com oito sessões) no auditório Fernando Landeira, no Teatro das Beiras, e mais um no Teatro Municipal da Covilhã (TMC), logo na abertura.
Mais uma vez, além da programação para público em geral, a companhia covilhanense aposta em espetáculos para os mais novos, desde os jardins de infância ao ensino secundário. Fernando Sena lembra que em tenra idade é mais fácil trazer gente ao teatro, mas com o passar da idade, sem o devido “acompanhamento cultural”, os jovens tendem a desinteressar-se. “Aos 16, 17, 18 anos, têm-se opções de vida que não passam por passar o tempo indo ao teatro. Não se desenvolve isso” afirma. É por isso que o Teatro das Beiras tem apostado numa programação sempre direcionada aos mais jovens, e apostado, por exemplo, durante todo o ano, em desenvolver oficinas de teatro. “Retomámos para inverter a tendência e criar a vontade de estar no teatro, e ganhar esse público” explica a também diretora artística Sónia Botelho.
Neste festival, são três os espetáculos dirigidos ao público escolar. A 14 de novembro, às 14h30, o Karlik danza teatro apresenta “Y fuimos héroes”, de Maribel Carrasco, com encenação de Cristina D. Silveira, que conta uma história onde o poder da infância e o poder da maturidade se evocam e se complementam mutuamente; nos dias 18 e 19, dois dias dedicados aos mais novos, com os espetáculos “1 Planeta & 4 Mãos”, pela Companhia Certa da Varazim Teatro, que traz “um conto cheio de apelo aos sentidos”, onde as crianças são envolvidas na grande aventura de salvar o planeta, (dia 18 às 11h e às 14h30), e “Sermão de Santo António aos peixes… e aos outros pela divina graça do Teatro”, pela ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, onde Alexandre Honrado escreve a partir de Padre António Vieira, abordando os temas da corrupção e do abuso de poder (dia 19, às 11h e às 14h30). “É a aposta que fazemos para que os mais novos possam assistir a espetáculos de teatro” explica Celina Gonçalves, do Teatro das Beiras, que estima que, em cinco sessões, passem pelo auditório da companhia cerca de 450 crianças. As sessões já foram acertadas com escolas e já estão esgotadas.
O Festival de Teatro da Covilhã arranca no dia 13, às 21h30, no TMC, com a Companhia de Teatro de Braga, que apresenta a peça “Os das latas de conserva”, de Edward Bond, com encenação de Rui Madeira, “trazendo a esperança de nos ajudar a descobrir em que lugar estamos.”
No dia 15, é inaugurada a exposição “Gil Salgueiro Nave, o percurso no Teatro das Beiras”, às 21h e meia hora mais tarde a Escola de Mulheres apresenta “A loucura é o mais credível oráculo”, com texto de Cláudia R. Sampaio, encenação de Marta Lapa, interpretação e cocriação de Margarida Cardeal e Vitor Alves da Silva.
A 20 de novembro, o Teatro de Marionetas do Porto apresenta “Orfeu e Eurídice”, com encenação e dramaturgia de Roberto Merino, um espetáculo de marionetas que toma como base o mito de Orfeu, escrito por Ovídio, e segue o percurso do jovem herói, filho de Apolo (em algumas versões), o seu casamento com Eurídice, a morte desta e o intento do seu resgate do reino do Hades por parte de Orfeu.
O Festival de Teatro da Covilhã termina a 22 de novembro, com a estreia da 121ª produção do Teatro das Beiras, a peça “O Coração de um Pugilista”, de Lutz Hübner, com encenação de Jorge Silva e interpretação de Miguel Brás, como Jójó, e Victor Santos, como Leo, onde de um confronto geracional nasce a vontade de se ajudarem mutuamente na concretização dos seus sonhos. Uma peça que já teve estreia marcada para outubro, mas foi adiada devido a doença de um dos atores, e que terá novas sessões nos dias 23, 26, 27 e 28, no auditório Fernando Landeira.
