O executivo da Câmara de Penamacor deu parecer desfavorável à instalação do projeto da Central Solar Fotovoltaica Sophia por considerar que o mesmo tem um forte impacto ambiental no território.
“A instalação de uma central destas dimensões levará, inevitavelmente, a uma artificialização e degradação da paisagem, comprometendo a imagem de um território que tem o selo da Carta Europeia de Turismo Sustentável “Terras do Lince” e que abrange parte da Reserva Natural da Serra da Malcata”, defende, em comunicado, a autarquia raiana, que diz ser defensora da transição energética, mas não a qualquer custo. O executivo afirma que o projeto não pode ser analisado só por si “sem serem considerados os diversos impactos cumulativos de mais uma eventual instalação no território” e que o mesmo coloca “em causa parta da biodiversidade existente”, num concelho que possui um património “ambiental e paisagem natural invejáveis”. A autarquia põe também em causa “a dimensão” de um projeto que tem sido muito contestado por diversos movimentos cívicos e que, aquando da tomada de posse do novo executivo, levou mesmo à porta da Câmara diversos populares, a maioria estrangeiros residentes no concelho, em manifestação pacífica em frente aos Paços do Concelho.
A dimensão do projeto, que prevê ocupar cerca de 400 hectares, e o abate de cerca de 1500 árvores, entre azinheiras e sobreiros, têm sido argumentos colocados em causa por diversos movimentos e associações ambientalistas, algo a que a Câmara vem agora dar razão. O executivo liderado por José Miguel Oliveira já reuniu quer com movimentos populares, organizações não governamentais, presidentes de junta e os próprios promotores do projeto, e afirma que a posição tomada teve em conta as “inúmeras reuniões” e as diligências efetuadas com várias partes envolvidas. A autarquia vinca o seu compromisso com a transição energética, “na aposta em energia verde e num futuro sustentável, desde que este seja realizado de forma equilibrada, respeitando o ordenamento do território, o ambiente, a biodiversidade e a qualidade de vida das populações locais e visitantes”. Algo que considera estar “plasmado” na recente instalação da Central Solar Fotovoltaica do Cabeço Vermelho, naquele concelho, ou na instalação em curso da hibridização da Central da Senhora da Póvoa e “na existência de três outros projetos para a instalação de centrais desta tipologia” em Penamacor.
A Câmara recorda que a paisagem e ambiente aliados à “importância do turismo na dinâmica económica da região”, podem estar em contraciclo com uma instalação que poderá “apresentar-se como um fator inibitório para ações que se pudessem desenrolar na área de intervenção do parque”. E afirma estar convicta de que com esta decisão defende “a identidade do património paisagístico da região em que se insere”.
Recorde-se que o projeto “entra” em três concelhos da região: Penamacor, Fundão e Idanha-a-Nova. Neste último, a autarquia também já manifestou a sua discordância, apesar de reconhecer a importância das energias renováveis. No entanto, considera “essencial que estes projetos sejam implementados de forma equilibrada, respeitando o ordenamento do território, o ambiente e a qualidade de vida das populações”.
