“Não podemos impedir as pessoas de virem às Faias”

Flávio Massano lembra que este cartaz traz milhares de pessoas à Serra, que dinamizam a economia local. E que a Câmara tem aplicado medidas de salvaguarda do local

“Nós, às Faias, já nem precisamos de fazer publicidade. E não podemos impedir as pessoas de virem. Até queríamos era mais. E se calhar este ano tivemos menos devido à muita chuva que caiu nesses dias”. É este o balanço provisório que o presidente da Câmara de Manteigas faz ao mês de novembro no que diz respeito à visitação do bosque natural das Faias, que mais uma vez atraíram milhares de pessoas ao concelho, mas num turismo que o autarca acredita ser responsável, e de respeito pela natureza.

Na última reunião do executivo, o vereador do PS, Nuno Soares, revelou a sua apreensão com a massificação turística naquele local que, diz, já apresenta algum desgaste, nomeadamente na presença das tradicionais folhosas de outono. “Estamos a ir para um caminho perigoso” disse o vereador, acreditando que este turismo “é de moda”, e preocupado com o que ficará após a mesma passar. “No nosso concelho temos imensos espaços com paisagens iguais, que estão subaproveitados, e que poderiam ser utilizados para não sobrecarregar as Faias. O evento, em si, deveria ter um nome mais abrangente, para desfocar das Faias. E Manteigas acaba por não ganhar quase nada com as visitações, em termos de economia local” disse o socialista, que elogiou a intervenção da autarquia na sinalética colocada no local, no estacionamento e nos miradouros criados. Contudo, Nuno Soares alertou para as cancelas colocadas para impedir o acesso de automóveis ou motos ao bosque, perguntando se depois do outono serão abertas. “Aqueles caminhos são públicos e dão acesso a outros locais da nossa serra. Espero que sejam abertas depois de passar esta enchente”, desejou, deixando a hipótese de questionar o Ministério Público caso isso não aconteça.

João Cardoso, vereador eleito pela maioria do Manteigas 2030, garante que, à boleia das Faias, Manteigas tem agora um número de turistas que já não tinha “há dez anos” e que estes também se deslocam a outros locais, como o Covão da Ametade ou Poço do Inferno. “Nós, sem pessoas, não temos território, não temos vila. As Faias são importantes para os nossos agentes económicos. Para se viver cá, é preciso que as pessoas nos venham visitar” defendeu, pedindo ao eleito socialista “dados concretos” sobre um alegado desgaste do local.

Já o presidente da Câmara, Flávio Massano, recorda que a autarquia valorizou o local, com aplicação de sinalética, estacionamento ou cancelas. Estas últimas, “não são assunto” já que protegem o desaparecimento de folhas por moto-quatros ou jipes, bem como dão segurança a quem por ali caminha. “Não estão trancadas, têm um pincho para abrir. Para quando necessário se poder passar. Mas o objetivo é que se visitem a pé, e não de carro”, recorda.

Massano garante que se pretende “salvaguardar” um local que se quer o mais natural possível, que o lixo deixado pelos caminheiros é sempre residual, ao contrário do que acontece, por exemplo, no Covão da Ametade, e que este cartaz “traz milhares de pessoas à Serra da Estrela”. Aliás, segundo o autarca, no fim-de-semana de maior visitação, mais de cinco mil pessoas terão passado pelo concelho, 2800 pelas Faias, 1900 pelo Covão da Ametade, e as restantes por sítios como o Poço do Inferno. O autarca recordou ainda que as caminhadas promovidas pelo município já têm um transporte que liga a vila ao bosque, afastando assim viaturas daquele local, e que no futuro, o mesmo pode ser aplicado para todos os visitantes. “Estamos a estudar isso, até porque estamos a estudar a aquisição de autocarros elétricos” disse o autarca.

João Cardoso adiantou que uma das queixas dos turistas é a inexistência de casas de banho, mas também aí Flávio Massano foi cauteloso, pois diz não pretender que alguma construção artificial desvirtue a natureza do local, pelo que futuramente será estudada uma alternativa que possa cruzar a necessidade com o respeito pelo local.

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