Transportes ainda não passam a gratuitos em 2026 para quem tem menos posses

Hélio Fazendeiro garante ter ambição futura de aplicar medida a portadores do Cartão Social municipal, mas que em 2026 isso não será ainda possível, apesar da promessa do anterior autarca em aplicar ainda este ano

O presidente da Câmara da Covilhã, Hélio Fazendeiro, revelou na sexta-feira, 19, na reunião pública do executivo, que não será possível, em 2026, aplicar a gratuitidade dos transportes públicos para portadores do cartão social no concelho.

“Não conseguiremos chegar no imediato a essa ambição da gratuitidade” respondeu o autarca a Luís Garra, que se deslocou à reunião como munícipe, e representante não só de um grupo da União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB), Inter-Reformados de Castelo Branco e associações de Reformados da Covilhã e do Tortosendo. O sindicalista lembrou que essa era uma promessa do anterior autarca, Vítor Pereira, para aplicar até final de 2025, mas que não foi cumprida. Garra disse já ter pedido uma reunião a Hélio Fazendeiro, que ainda não aconteceu, e disse que a medida “é urgente” lembrando, por exemplo, que quem se desloca entre a Covilhã e São Jorge da Beira arca com uma despesa mensal de passe na ordem dos 130 euros.

Luís Garra recordou uma reunião tida com Vítor Pereira, na qual Fazendeiro esteve presente como chefe de gabinete, em que terá ficado a promessa de aplicar a medida que ficaria já acautelada no orçamento de 2026. “Não nos passa pela cabeça que não queira aprovar uma medida com a qual concordou” disse Garra ao autarca covilhanense, embora desconfiando que tal não irá acontecer. “Se a medida fosse para cumprir a 1 de janeiro, já estaria a ser operacionalizada. E não está. Ficaríamos muito surpreendidos se estivéssemos enganados” disse o ex-líder da USCB.

Hélio Fazendeiro lembrou que está à frente do executivo há cerca de mês e meio, pedindo desculpa por não ter tido tempo ainda para reunir com as estruturas sindicais e de reformados, recordou que o atual valor dos passes para quem tem o cartão social já contempla descontos de 75%, quando no início da concessão eram de 50%, e que o que se pretende no futuro é alargar a oferta, reforçar rotas, horários, e que haja um passe fixo de 30 euros para quem circula no concelho, excetuando os mais desfavorecidos. O autarca salienta que a Câmara investe, anualmente, dois milhões de euros em transportes, mas que existe a ambição de “no futuro poder chegar a esse vosso desejo”.

Recorde-se que em julho a USCB e associações de reformados reclamavam a implementação da gratuitidade dos transportes por parte da Câmara “procurando dar cumprimento ao compromisso de implementar a gratuitidade dos transportes ainda no decorrer do mandato que termina em outubro de 2025”, assumida por Vítor Pereira quando a comparticipação dos passes aumentou para 75%. Estas lembravam que esta medida constituiria um apoio às pessoas mais idosas e seria “um contributo para a melhoria ambiental, através da promoção do transporte coletivo público em substituição do transporte próprio”, lembrando que a medida não é inédita no País e em vários concelhos. Na altura também criticavam “o desmesurado custo dos transportes das freguesias rurais para a sede do concelho e vice-versa”, pedindo uma redução significativa que “ajudaria ao combate ao despovoamento destas freguesias rurais.”

“É preciso reforçar exército pela igualdade dos territórios”

Hélio Fazendeiro, na mobilidade intermunicipal, voltou a reclamar que os preços dos passes no âmbito da região das Beiras e Serra da Estrela fique ao nível do que acontece na área metropolitana de Lisboa, onde um passe mensal oscila entre os 30 e 40 euros. Confrontado por uma munícipe para a falta de oferta, por exemplo, para Castelo Branco, o autarca disse ser “preciso reforçar o exército de luta pela igualdade aos territórios de baixa densidade”.

O autarca covilhanense recordou que as grandes cidades passaram a beneficiar de descontos em 2018, mas os municípios do Interior foram esquecidos, com as autarquias a suportarem custos. Hélio Fazendeiro salientou que, à exceção de transportes escolares, são poucos os concelhos da região que têm transportes públicos, como a Covilhã, que “não são compensados para reforçar a oferta”, uma batalha “que tenho travado e continuarei a travar”.

Ainda no concelho, perante críticas da munícipe para o estado de alguns abrigos de passageiros, o autarca covilhanense garantiu estar atento. “Temos que renovar e requalificar os que estão estragados e implementar outros onde não existem” disse Hélio Fazendeiro.

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