Antigamente chamavam “petrolino” a um comerciante ambulante que percorria as aldeias e vilas na venda de petróleo, azeite, aguardente, sabão, entre outros produtos ao domicílio. O transporte era feito em antigas carroças puxadas por um macho, que levava os bens essencias às terras longínquas das grandes cidades, cujos clientes eram “chamados” através de uma corneta.
Ao longo do tempo, os comerciantes ambulantes foram-se adaptando e deixaram de vender petróleo, dedicando-se ao comércio de bens de primeira necessidade: leite, roupa, massa, bacalhau… Actualmente esta actividade económica continua viva, bem viva, devido à pandemia do covid-19.
Hoje, chamam-lhe merceeiros. Com a segurança exigida, o NC foi conhecer Maria Natividade Loureiro, 66 anos, e o seu marido, Domingos Barreiros Gonçalves, 66 anos. Para além da mercearia nas Quintãs, Três Povos, o casal percorre montes e lugares do concelho do Fundão, calcorreando centenas de quilómetros com a sua Mercedes de 1979. O casal foi emigrante em França e na Suiça e regressou a Portuga, com as suas três filhas. Aos 20 anos casou na Igreja Matriz do Salgueiro. Este casal empreendedor explorou a famosa pensão Mira Serra, na vila de Caria. Dedicou-se ainda, à venda ambulante de sapatos, que mais tarde deixou. Regressou à terra que o viu nascer e abriu uma mercearia, ao mesmo tempo que iniciou o negócio de venda ambulante. “Duas vezes por semana percorremos alguns lugares, desde os Três Povos até à Orca. Vamos às Quintas da Torre, Mata da Rainha, arredores dos Enxames, Martianas, entre outros. Nós não vendemos dentro das aldeias. O nosso serviço é prestado fora delas, locais mais isolados. É um trabalho personalizado, centrado nas necessidades das pessoas” afirma Domingos Barreiros.