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Não se pode ter “sol na eira e chuva no nabal”

Não se pode ter tudo na vida. E também não se pode ter tudo num Orçamento. Foi basicamente esta a ideia deixada pelo presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, na Assembleia Municipal do passado dia 29 de Dezembro, em que os deputados aprovaram por maioria (27 votos a favor e 10 contra) o orçamento e grandes opções do plano da autarquia para 2021, de cerca de 48 milhões de euros.

Apesar da aprovação, a oposição apontou diversas críticas, como a falta de obras novas, a pouca estratégia de futuro ou o carácter “eleitoralista” do documento, que Vítor Pereira foi rebatendo, sobretudo utilizando os dados mais recentes do Anuário do Municípios Portugueses, onde a Covilhã “está no quadro de honra” garante o autarca.

Pedro Manquinho, da CDU, que votou contra, aponta o “elevado valor a pagar nos serviços prestados pela autarquia” nos vários sectores, com críticas a taxas como a ocupação de subsolo (TOS) e de utilização de equipamentos desportivos. Para ele, a Covilhã é um concelho onde “se paga acima da média nacional e se ganha abaixo da média”. Vítor Reis Silva, da mesma bancada, disse que neste momento de pandemia seria importante “o alívio de impostos directos e de taxas municipais” e criticou o plano por não apresentar “nenhuma obra nova”. “É um ciclo de gestão eleitoralistas, em que se concluem apenas obras já em curso. Não há obras estruturantes, comos as estradas ou um pavilhão municipal. E de onde desaparecem obras emblemáticas, como o aeroporto, a barragem ou a variante à Covilhã. Estamos perante um plano com acentuada lógica eleitoral, sem futuro, que promete fazer num ano o que não se fez em sete” afirma.

“Não é orçamentar, é orçamentir”

Também João Bernardo, do CDS/PP, manteve o tema das próximas autárquicas para criticar o documento apresentado. O plano, diz, “passam quase só pela gestão corrente da Câmara”, “penaliza os munícipes com mais taxas e multas” e revela “mais despesa com pessoal, serviços e menos dinheiro para as freguesias”. Para o deputado um documento de “estratégia eleitoral”, acusando o PS de “clientelismo”. “Querem ganhar as eleições à força de meter pessoas na Câmara” acusa. Um orçamento “abaixo das expectativas” em que se prevê para os próximos anos “menos, menos e menos”. O que o Câmara faz “não é orçamentar, mas sim orçamentir” frisa, justificando o voto negativo da sua bancada.

Luís Fiadeiro, do movimento De Novo Covilhã, afirma que o orçamento de 2021 está “longe de corresponder às justas e legítimas expectativas dos covilhanenses”, não revela “estratégia”, não mostra “qual o modelo de desenvolvimento que se defende para a Covilhã” e carece de uma componente social num ano pós-pandemia. “Deveria ser um orçamento social” vinca, justificando também ele o voto desfavorável.

Quanto ao PS, acredita que o orçamento “representa bem a preocupação pelo equilíbrio que tem sido seguido pelo executivo”. Ana Catarina Mendes mostrou-se “orgulhosa” pelo percurso feito pelo município nos últimos 4 anos, “pela obra feita e em curso, pela resposta dada à pandemia e pela resposta social dada aos que têm mais necessidade”, deixando um “percurso financeiro notável”,

“Limpam-se a este guardanapo”

Vítor Pereira considerou normal a discordância da oposição, com “visões diferentes” da do executivo de maioria socialista, e recorreu aos dados do Anuário dos Municípios Portugueses de 2020 para rebater a maioria das críticas.

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