Luis Fernando Assunção
Entre os dias 30 de Setembro a 2 de Outubro os meios regionais de comunicação de Portugal estiveram em debate na Universidade da Beira Interior (UBI). Académicos, professores e profissionais participam do I Encontro Nacional de Jornalistas dos Meios Regionais (ENJMR21), que teve como tema “Jornalismo nos Meios Regionais no Século XXI: Práticas, Deontologia e Formação”.
“Os limites do jornalismo precisam ser repensados e discutidos. E mais ainda os meios regionais”, explica o professor de Ciências da Comunicação da UBI, João Carlos Correia, da comissão organizadora do evento. As condições de trabalho, as possibilidades de financiamento dos meios e o futuro dos meios regionais em Portugal foram os principais assuntos abordados pelos especialistas convidados. Para o professor da Universidade do Minho Joaquim Fidalgo há uma subvalorização dos meios do Interior. Segundo ele estudantes e profissionais preferem trabalhar nos grandes centros do que exercer a profissão de jornalista no Interior do País. “A província não atrai estudantes para estágios. Isso é completamente injusto. O papel do jornalista regional muitas vezes é mais importante do que os nacionais”, garante.
Fidalgo lembra que o jornalista que actua no Interior é uma espécie de faz-tudo na redação. Escreve, faz fotografia, revisa textos e em muitos casos até faz a paginação do jornal. Ele próprio participou na criação de jornais no Interior e lembra que os jornalistas precisavam ser multifunções para o projecto ir adiante. Outro aspecto destacado é a falta de independência dos meios regionais. “Há muita proximidade com as fontes, o que impede de alguma forma um jornalista mais incisivo, e também muita dependência económica com câmaras”, explica.
O modelo de negócios do jornal regional também precisa mudar, alerta Fidalgo, que lembra que não é mais possível manter um jornal no Interior apenas seguindo as regras do mercado. O docente diz que é necessário novas ideias e projectos para fortalecer esses veículos de comunicação. “E os governos precisam participar nessas inovações. Talvez com subsídios para o cidadão comprar o jornal e não propriamente subsidiar a empresa”, sugere. “Obviamente que as empresas seriam beneficiadas indirectamente, através das vendas de exemplares”, completa.
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