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A Bela e o Monstro

A. Pinto Pires

A Serra, sempre a nossa Serra, ousando perguntar de quem é, a quem pertence, quem manda nela?

Abandono, ostracismo, desrespeito pelo meio ambiente, favorecimentos, filhos e enteados, quem por aqui tem andado uma vida, tem mais que razões para desabafar.

Foi anunciado um novo miradouro. Agora chegou esta moda, a instalar junto dos Piornos, e como reparo, ao lado de um “mamarracho”, quiçá o designativo mais adequado, para o que resta da memória do teleférico, (histórias de antanho), algo que parece intocável. Uma construção inacabada, tal como o projeto total em si, ao abandono e cada vez a resistir menos à força dos elementos. A pontos de se tornar um perigo eminente para quem circula por ali e não resiste à curiosidade da visita.

Afinal, e gostava que me explicassem, porque não se articula esta infraestrutura com o anunciado miradouro, passível de acolher outras componentes, a tão escassos metros! Para além do abandono, é o mau exemplo que o dito “mamarracho” representa.

O PRR, o tão propalado Plano de Recuperação e Resiliência, refere várias componentes, entre muitas relacionadas com o ambiente e as novas energias, ditas limpas; teria ou ainda podia ser, uma excelente oportunidade de se implementar, neste edifício, (o tal mamarracho), um espaço de interpretação da natureza, em contínuo desrespeito.

Jorge Paiva desde há muito alertou para as enormes quantidades de plástico e outros resíduos deixadas ao abandono pela Serra. Uma realidade persistente desde há décadas, embora nenhuma das entidades com tutela neste maciço tenha a coragem de colocar a mão na ferida, apelando à modificação dos comportamentos, cada vez mais abusivos.

Colocaram-se uns painéis informativos, e bem, mas o apelo à defesa e preservação do ambiente ficou nas gavetas. Não há recipientes adequados, em locais estratégicos, para a recolha de lixo, e a pegada, dita perniciosa, por aí vai ficando à vista de todos. Os sapiens agem deste modo! Talvez que os neandertais agissem de outra forma!

Apetecia-me falar do teleférico. Alberto Alçada Rosa, é por certo uma das entidades conhecedoras deste processo. Poderiam sugerir-se metodologias de abordagem a esta questão, mas como os intervenientes são tantos e diversos, estarei em crer ser muito difícil atingir um consenso.

E as outras prioridades? O exemplo da antiga colónia infantil, agora pousada da juventude, poderia ser o mote para um diálogo inter-geracional e aferir das enormes carências da nossa Serra, tornando-a num verdadeiro espaço apetecível de lazer.

A pandemia, deixou-nos muitos alertas e a Serra tornou-se, num abrir e fechar de olhos, num local de fuga e escape para muita gente.

Mas, estará ela preparada para os novos desafios? Da natureza, incomparável e apetecível, não tenho qualquer dúvida! A nível das infraestruturas, ainda há muito por fazer.

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