“Só mais uma coisa”. Pode ser o chavão do momento. Porque parece que todo o mundo tem sempre algo mais a dizer, nunca está satisfeito com o que de muito já disse. O dito popular “entra mosca ou sai asneira” ganhou rica vida nos últimos tempos, tantos foram os que se dedicaram a este passatempo. Não faltaram oportunidades em Abril. Quando o olhamos, e coincidentemente ou não é o mês inaugural da gestão do novo governo de Portugal, temos dificuldade em vê-lo sem esboçarmos um sorriso. Vá lá, vários sorrisos. Um por cada trapalhada que colocamos num plano de normalidade.
O mundo está todo ligado quando lemos que um diplomata, Tânger Correia, tantas vezes embaixador de Portugal, e candidato extremista às eleições europeias, afirma que existe um plano para acabar com os europeus e substituí-los, na Europa, por muçulmanos. E, segundo o próprio, não se trata de uma conspiração, antes uma convicção. Uma de muitas. Da mesma forma que quem o escolheu para número um da lista, o seu líder político e espiritual, está convicto de que o Presidente de República cometeu o crime de traição à pátria, quando tornou pública a sua posição pessoal sobre como o país deve reparar o crime da colonização. Oh homem, se não reparou isto é uma democracia, e o Presidente da República não desatou a tirar fotocópias dos manuais de instruções dos helicópteros Kamov, para dar aos russos. Eles sabem, foram eles que os puseram cá. Não, o mais alto dignitário do Estado limitou-se a usar livremente a expressão e o pensamento. Afinal era Abril, e o país sabe bem como o presidente da sua república dá tão bom uso a essas liberdades. Que o digam os jornalistas de imprensa estrangeira a quem, durante um agradável convívio, foi oferecida esta e outras pérolas de comunicação, como a “lentidão” do ex-primeiro ministro, e a “urbano-ruralidade” do actual.
Talvez seja por tantos momentos divertidos como este que ouvimos o chefe do governo actual dizer o quanto está a gostar de governar. Pudera, passou pouco mais de um mês é só distrações, e o menos que se pode dizer deste percurso inicial, é que está a ser bastante atribulado. Divertido até. A começar na eleição para o presidente da Assembleia da República, pela queda após o “choque fiscal”, e o choque em que o país terá ficado, quando ouviu o ministro da Defesa engasgar-se ao colocar a sede da NATO, no estádio da Tapadinha. Um autêntico tratado. É de brincadeira. Dêem-lhes uns legos para eles montarem.