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A casa como causa

Graça Rojão

Diretora do Coolabora

Esta semana a habitação esteve em foco, com a angústia e a revolta a saírem às ruas. A subida do preço dos bens essenciais, os baixos salários e a especulação imobiliária fizeram do acesso à casa um privilégio de difícil acesso, quando devia constituir um direito fundamental.

As casas são hoje um ativo financeiro, um mercado apetecível para grandes investidores que colocam os seus fundos no imobiliário, como se de uma mercadoria qualquer se tratasse.

No concelho da Covilhã, tal como no resto do país, as dificuldades repercutem-se com maior impacto em alguns grupos: imigrantes que vivem em casas sobrelotadas, estudantes que veem limitada a sua mobilidade, vítimas de violência doméstica que continuam a viver com quem as agride ou pessoas idosas, com baixos rendimentos.

Basta pensarmos que quase 30% da população do concelho tem mais de 65 anos e, segundo o diagnóstico da Rede Social, 18.476 pessoas eram beneficiárias de uma pensão cujo valor médio ficava pelos 400€ mensais.

A escassez de habitação no concelho é surpreendente face à recessão demográfica pois os últimos censos mostram uma perda de 10,3% da população. Será então que precisamos de construir mais casas? A Estratégia Local de Habitação assinala que no concelho 15% dos edifícios estão degradados e com necessidade de reparações estruturais e revela ainda que 14,8% dos alojamentos familiares clássicos estão vagos.

Mais do que construir de novo e dispersar zonas habitacionais, a reabilitação pode contribuir para que as pessoas tenham uma vida mais estruturada em torno de relações de proximidade, do comércio local e dos serviços públicos e menos exigente em deslocações. As habitações pensadas apenas em função de famílias nucleares com filhos não correspondem à diversidade de necessidades que existem hoje.

Importa criar soluções mais acessíveis, criativas, flexíveis e ecológicas, envolvendo o Estado, as autarquias, as cooperativas e a sociedade civil, fazendo jus ao lema “nada sobre nós, sem nós”.

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