Se há portugueses com “mundo”, o historiador e investigador Pacheco Pereira, é por certo um dos mais “viajados”. Porque o mundo cabe na sua casa. Ou melhor, nas várias casas e armazéns que detém entre a Margem Sul e a região do Oeste, e onde instalou e “vive”, é de vida que se trata, um dos maiores arquivos da Europa. A Ephemera é uma das mais importantes referências culturais do nosso país, uma associação que tem como fito não deixar apagar a história, e que com uma vasta equipa de voluntários parte para o combate contra a extinção da memória e promove a valorização de objectos e espólios vários, através do tratamento e arquivo. Para além da organização regular de exposições. Começou por ser um projecto pessoal de Pacheco Pereira a partir do seu interesse de coleccionador, e em 12 anos transformou-se numa vasta área de estantes e prateleiras que comportam arquivos que vão de apenas uma pasta, a vários quilos de papéis e documentos. Feito, segundo o autor, de “coisas a que ninguém dá importância”. Da política à história, da ditadura à democracia, tudo, mas mesmo tudo pode ser alvo de recolha, e acrescentar riqueza e independência ao arquivo. Sem limites e sem linhas vermelhas, como um cartaz que a LUAR na luta contra o antigo regime, pretendia colar na Covilhã, cidade que planeava ocupar. Este artigo foi escrito a partir de uma visita que o Jornal de Letras realizou aos arquivos da Ephemera, conduzida pelo seu criador e curador José Pacheco Pereira.