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“A Covilhã não é o jardim”

Repare nestas duas notícias publicadas em momentos diferentes pelas nossas edições; “O proprietário de um café no Jardim Público da Covilhã ficou ferido após agressão por dois indivíduos a quem se terá recusado a servir álcool”, publicada na rede social Facebook, e “Loja AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo) anunciada para a Covilhã”, na edição impressa. Os covilhanenses mais incautos, descortinarão imediatamente ligação óbvia entre as duas. Que é esta; “Loja de migrantes significa mais gente de fora na cidade e no concelho, logo aumenta a insegurança e a criminalidade, o que, como é evidente provoca episódios de violência sobre os locais.” Esta é a forma mais comum de uma retrógrada parte da população da Covilhã expressar as suas convenientes visões preconceituosas, opiniões negativas e sem fundamento.

A cidade e o concelho são hoje comunidades que acolhem bem e muito, e o episódio de violência no Jardim, embora pareça excepção, é potenciado por uma regra. A de que resulta de um ambiente quotidiano criado naquele lugar do centro histórico. Que até é muito frequentado por cidadãos oriundos de outras paragens, turistas e residentes, famílias, jovens estudantes e crianças.

Ao primeiro olhar o visitante sente-se agradado com o potencial. Espaço verde, sombras frescas, fonte de água, bancos de jardim, vista deslumbrante e…. pasme-se, um grupo de “náufragos da vida”, uns mais jovens do que outros, toxicodependentes bem conhecidos na cidade, geralmente carregados de álcool adquirido nas mercearias das proximidades e de “charros” e “brocas”, mistura que habitualmente é propensa à provocação de um ambiente hostil para tantos de nós que procuram paz e tranquilidade.

Escrevi habitualmente porque é uma situação perfeitamente identificada pelo município, e pelas forças de segurança que actuam pela inação e que permitem um espectáculo diário. Tão habitual que quase poderia fazer parte da Agenda Cultural. “Quer ser insultado, provocado, sentir-se desconfortável? Então, não espere mais, vá ao Jardim a qualquer hora do dia, e sinta-se incomodado”. A não perder. Versão original. Em português, de Portugal.

O proprietário do café agredido no Jardim foi vítima de gente de cá, “tugas do pior”, alimentados por “portugueses de bem” que se escudam na ignorância, para não exigir mais efectiva vigilância policial, e permitir que lugares como o Jardim não sejam o “paraíso” a que o cidadão tem direito.

 

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