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A decisão só pode ser política

É bom sermos opinadores. O mau é - isso acontece até com políticos - darmos opiniões não sustentadas em conhecimento

Nuno Ezequiel Pais

 

Em cada português há um especialista em tudo. Basta um problema, uma polémica, um tema da atualidade para fazer de dentro de nós o especialista naquela área do saber.

Durante a pandemia da Covid-19, em cada português havia um infecciologista. Com a guerra da Ucrânia, descobrimos o estrategista que havia em nós. E neste tema do Novo Aeroporto de Lisboa, virámos todos especialistas em aeronáutica civil.

À medida que iam sendo conhecidas as potenciais localizações dessa infraestrutura, todos

sabíamos onde deveria ser plantada. Vieram os partidários da Ota, do Montijo, Alcochete, etc. Tem a sua piada sermos tão opinadores, mas creio que isso também mostra que gostamos de estar informados, que adoramos uma boa polémica e que ninguém cala um português. É bom sermos opinadores. O mau é – isso acontece até com políticos – darmos opiniões não sustentadas em conhecimento.

Toda a opinião baseada no estudo dos fatores é essencial para uma discussão saudável.

Porém, isso não significa que as intervenções públicas que expressam apenas uma vontade (e não um estudo aprofundado) devam ser remetidas ao silêncio. Elas também têm lugar, sobretudo se foram sustentadas em argumentos políticos ou interesses legítimos. Devem, claro, ser tidas em conta.

Estou a referir-me ao relatório da Comissão Técnica Independente que estudou as localizações para o Novo Aeroporto de Lisboa. Foram reunidos especialistas (dos

verdadeiros), estudadas 19 possibilidades, apreciados um sem número de critérios e atribuída uma ponderação para cada critério. No final, e acredito que com a maior seriedade, a Comissão Técnica Independente apresentou duas localizações prioritárias, com destaque para o Campo de Tiro de Alcochete. Foram, no entanto, claros a dizer que essas suas prioridades e o destaque a Alcochete derivam da ponderação que deram aos critérios apreciados. E que qualquer decisão política poderia ser assente noutra ponderação aos critérios.

Não percebo por isso as críticas dirigidas ao líder do PSD quando este disse que não se sentia vinculado ao destaque que a Comissão deu a Alcochete. É que Luís Montenegro esteve muito bem ao dizer que o estudo da Comissão tinha agora de ser bem lido, estudado e ponderado. E bem, porque não vivemos numa burocracia nem numa tecnocracia. Vivemos em democracia: o poder do povo, exercido pelos seus representantes. E esses representantes têm de poder tomar decisões políticas.

E eu farei tudo o que estiver ao meu alcance, enquanto Conselheiro Nacional do PSD, para pedir a Luís Montenegro que dê atenção ao critério da equidade territorial. Porque a

localização de Santarém, mais a centro do país, é a que favorece mais o equilíbrio nacional. Não sou um especialista, sou um beirão. E isso também conta!

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