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A geração de bebés que teve que ficar em casa

Constança fez, no passado dia 19 de Abril, seis meses. Uma menina que ainda experimentou, durante uma semana, o que era estar na creche, que já passeava com os pais no shopping e que, de um momento para o outro, teve que ficar sempre em casa, com a mãe. Sem perceber bem porquê. O covid-19 alterou, este ano, a maneira de se viver a maternidade em Portugal. E, se antes, os pais não tinham tempo para os filhos, hoje estão quase a tempo inteiro com eles. E, em muitos casos, o casal, já que muita gente está hoje em teletrabalho.

Patrícia Eusébio, 33 anos, contabilista, conta que sempre desejou uma filha. “Adiei, adiei muitas vezes em prol da realização profissional, que alimentava a realização pessoal de mulher. Mas 2019 era o ano, tinha de ser. Foi tudo planeado ao pormenor e felizmente tudo correu nos timings perfeitos. A minha profissão exige-nos todos os meses, prazos sem folgas e eu tinha que conseguir encaixar tudo sem penalizar ninguém. Outubro trouxe-me o sorriso mais valioso. Outubro completou-me” frisa. Nascera Constança, que no princípio “tirou horas de sono”. Nos primeiros meses, “depositou em mim muita responsabilidade e levou-me a um extremo que nem eu própria conhecia.” Ao cansaço. “O maior era o da rotina. Ser apenas mãe desgastava-me.” Chegou Março, e como planeado, Patrícia regressou ao trabalho. Constança ia enfrentar um ambiente novo, o da creche. “Sempre foi nosso objectivo que ela entrasse na creche no fim da licença de maternidade, pois nesta altura ainda não iria perceber que ficava sem a mãe. Quando se apercebesse disso, já estaria ambientada com as educadoras. E correspondeu. A Constança nunca ficou a chorar, aliás em sete dias de escolinha, chorava apenas porque deixava passar a hora do sono” frisa a mãe. Mas de repente, chegou o vírus. Aquele que obriga toda a gente a ficar em casa.

“Tivemos a sorte de acompanhar o crescimento da nossa filha”

“Tudo muda. Alguma vez pensaríamos que o País enfrentasse um Estado de Emergência como o que vivemos? Escolas encerradas. Teletrabalho. Proibição de se ausentar do concelho de residência. Os meus planos não eram estes. Voltei para casa” diz Patrícia, que a partir de então ficou com Constança. “Sempre receei não poder partilhar os primeiros meses com a minha filha. Mas em colaboração com o meu patrão, fomos capazes de agilizar as obrigações sem que nada ficasse por fazer e que ainda assim eu conseguisse ver a Constança crescer. Agora, estamos de novo em casa, em teletrabalho. As pausas do trabalho agora são mais que muitas” afirma. Um quotidiano que mudou. E muito. “A Constança não dorme mais de 15 minutos seguidos durante o dia. Não encontro uma brincadeira que a entretenha por mais de 5 minutos. É muito exigente. É um bebé e precisa da mãe. Ela não sabe porque é que já há quase um mês não vamos ao shopping, que ela adorava” lembra a mãe. Que apesar das vantagens em ter a filha sempre com ela, deixa um lamento. “A Constança não imagina porque é que agora não vamos ver os avós. Ela não sabe porque é que a prima não a tem acarinhado como de costume. Um dia vai saber.”

(Reportagem completa na edição PDF)

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