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A imprensa: mudam-se os tempos, mantém-se a função

Maria da Luz Coelho*

A necessidade de comunicação e de transferência de informação entre os homens existe desde os primórdios da humanidade. A vontade de conhecer o mundo que nos rodeia e o que se passa à nossa volta nasce com os primeiros habitantes da terra. Da palavra dita à palavra escrita, há uma intenção subjacente que se funde no conhecimento. Gradativamente, a transmissão da informação vai sendo construtora de um sentido de pertença e união.

Na verdade, desde o surgimento da imprensa tal como a conhecemos, o que realmente tem mudado é a forma de se imprimir, a apresentação das notícias e os meios de financiamento. Mudando-se os tempos, mantém-se função social – a imprensa visa o livre direito do cidadão ao esclarecimento e possui um papel estratégico na formação da opinião pública.

Falar de imprensa é falar obrigatoriamente de cidadania e um jornal, por exemplo, deverá ser um veículo de ideias que são lidas, meditadas e até transformadas em ação. Por incumbência, ela conserva o seu princípio ético de divulgar temas de interesse público, ao invés de cair na tentação de passar assuntos interessantes para o público. Há o dever de ser séria, formadora de opinião, capaz de abdicar de populismos e sensacionalismos manipuladores de leitores. Numa época em que as redes sociais vêm pôr à prova a capacidade de separar o trigo do joio, a verdade da mentira, a responsabilidade da imprensa torna-se cada vez maior. E o uso desleal de palavras escritas e pronunciadas em contextos ambíguos promove aquilo por que se deve lutar – o direito à informação real, credível, essencial à sociedade.  Por isso, genuína, arreigada da razão de informar com exatidão, constrói no leitor conhecimento consciente.

Usar as palavras é dar-lhes vida e moldá-las de mensagens que conduzem ao sentido do texto e fazem do jornalista um lapidador da palavra. Na relação de conhecimento e partilha que a imprensa cria, há um leitor que não pode ser esquecido. A separação entre o que é, de facto, de interesse público e o meramente interessante cabe à imprensa que divulga e exige capacidade de discernimento de quem dá a palavra a ler, a ouvir, mas também de quem a lê e ouve, pelo comprometimento com o filtro da verdade.

O leitor é, frequentemente, levado a experienciar processos catárticos nos quais extravasa a sua vida pessoal. É tantas vezes confrontado com o palco da vida humana que a imprensa acaba por ganhar um lugar de afetividade, pelo que a tarefa jornalística exige a consciencialização do seu alcance e lugar na sociedade. Portanto, um dos grandes desafios com que hoje se confronta é o de saber olhar com precisão o direito à informação, divulgando assuntos que sejam significativos para a formação do cidadão.

É importante que a nossa imprensa nacional e regional veicule mensagens comprometidas com a verdade, propiciadoras de soluções analistas e criativas para uma comunidade cada vez mais caracterizada pela curiosidade e o pensamento crítico, pois não há sociedade que se possa sentir completa sem o direito à informação clara e fiável.

Ciente de que a imprensa livre e honesta é o suporte que sustenta instituições justas e imparciais, essenciais para uma sociedade pautada pelos valores da paz, da justiça e do desenvolvimento sustentável, atrevo-me a afirmar que, hoje, vive de e para os direitos humanos.

Diz Nelson Mandela que “Os jornais permitem que nos olhemos ao espelho, e temos de ter a coragem suficiente para olhar directamente para as imagens reflectidas.”

*professora na Escola Secundária Campos Melo

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