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A Serra e as mulheres

Patente na Gulbenkian, em Lisboa, trabalho fotográfico de Maria Lamas sobre mulheres, na década de 40/50, da zona da Serra da Estrela

Em tons de preto, branco e cinza… assim eram as cores de moda naquelas duras jornadas em que o país era pintado de pobreza. No tempo em que Maria Lamas disse; “Olhei à minha volta e comecei a reparar melhor nas outras mulheres”. Esta mulher, torrejana de nascimento em 1893, uma das mais importantes e fundamentais portuguesas do século XX, pioneira na luta pelos direitos humanos e cívicos durante a ditadura, foi jornalista, escritora, fotógrafa e investigadora. Esteve presa por três vezes, e exilada em Paris durante sete anos.

Muito tempo antes, entre 48 e 50, Lamas publicou uma obra fasciculada a que chamou “As Mulheres do Meu País”. São estas mulheres, pobres, muito pobres, que podemos e devemos apreciar na notável exposição patente na Fundação Calouste Gulbenkian, e que nos “coloca” pelos caminhos da Serra da Estrela, e suas povoações agrícolas.

Um quotidiano da mulher serrana, marcado pela dura vida na terra. Em Folgosinho, no concelho de Gouveia, ou na agreste freguesia de Covão da Ponte, em Manteigas, lá estão as mulheres que não deixaram morrer o despovoado e paupérrimo Interior, numa labuta diária para colher o “pão que o diabo amassou”, e do mesmo modo dar de comer a muitos filhos. Seja a “acartar” ou a joeirar o centeio, seja no preparo do jantar, a que não faltava o “obrigatório carneiro com batatas”, as nossas mulheres em frias, muito frias casas de pedra captadas pelo “olho” clínico de Maria Lamas, que atesta, apesar de tudo, como o domingo era dia de festa; “No domingo, no Verão, as raparigas da serra gostam de espairecer. Juntam em pequenos grupos nalgum casal onde haja um rapaz que toque harmónio ou concertina e ´armam´um bailarico”, conta a investigadora, após mais uma passagem pela Serra.

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