Foi algo que não é usual. Uns, sentiram. Outros, não. Houve quem confundisse o ruído com um trovão. Com vento. Com o som de um camião. Em crescendo. Mas os tremores associados mostraram ter sido algo diferente. Um sismo de magnitude 4,1 na escala de Richter (ligeiros), com epicentro em Celorico da Beira, distrito da Guarda, registou-se na madrugada de sábado passado, pelas 00:38, em diversos concelhos da região. A uma profundidade de, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), 23 mil metros. Segundo esta mesma entidade, sem danos pessoais ou materiais, e sentido “com intensidade máxima IV/V (escala de Mercalli modificada) no concelho de Covilhã”, destacou o IPMA.
O geólogo Filipe Rosas, docente universitário, diz tratar-se de um fenómeno “normal” num território onde existe atividade sísmica, mas “incaracterístico” uma vez que o habitual é que se registem mais a sul do País, na zona do Algarve, junto à placa tectónica Africana. Porém, o géologo diz que o sismo pode estar relacionado com a falha tectónica da Vilariça, que está entre a Nazaré, passa pela zona do Zêzere (Manteigas), em direção ao Vale da Vilariça (Bragança) e culmina em Puebla de Sanábria (Espanha), e que fica situada entre duas placas tectónicas: a Africana e Euroasiática. Aliás, o CISE (Centro de Interpretação da Serra da Estrela), na sua página nas redes sociais, pergunta se estaremos perante o “retomar da história geológica da Vilariça”, lembrando que na região, em 1858, 1969 e 1974 se sentiram sismos de magnitude mais elevada. “Este sismo crustal apesar da sua grande profundidade (22 km) e baixa a moderada magnitude, tem um papel didático relevante. É um alerta para a importância do conhecimento da história geológica e do contexto geotectónico em que estes fenómenos ocorrem e, assim, nos precavermos convenientemente para eventos futuros” salienta.
De referir que na segunda-feira de manhã, na zona de Évora, um novo sismo foi sentido, de magnitude de 3,5.



