Sofrer a bom sofrer, até ao fim. Comecemos por aí, pelo fim. Estádio José Santos Pinto, domingo, 4 de maio, Dia da Mãe. Chega ao final o jogo entre o Sporting da Covilhã e Caldas, que acaba empatado a uma bola. Mas nos Açores, o Oliveira do Hospital, de penálti, acabara de empatar, a dois, frente ao Lusitânia. E ainda se joga. Caso os beirões marquem o terceiro, o Covilhã cai para o Campeonato de Portugal. Por isso, espera-se. E desespera-se no relvado, onde se tinha feito já uma semi-festa, uma vez que minutos antes os açorianos ganhavam e isso era garantia de permanência. Passam dois ou três minutos. E da bancada sai o sinal que se queria: festa covilhanense, que o jogo acabou nos Açores. A alegria estende-se ao relvado, entre jogadores, técnicos, staff, e as famílias dos atletas chegam mais perto das quatro linhas para abraçarem os seus. Acabou o sofrimento: o Covilhã, na próxima temporada, continua na Liga 3.
Depois de, nas duas partidas anteriores, que perdeu frente a Lusitânia e Oliveira do Hospital, os leões da serra terem desperdiçado a manutenção bem mais cedo, na série 2 da Liga 3 (fase de permanência), no passado domingo, em casa, frente ao já tranquilo Caldas, o Covilhã jogava uma partida decisiva. E, face a isso, entrou forte, ao ataque. Assim que o árbitro da partida, Rúben Martins, apitou para o início do jogo, bola para a frente e logo um canto conquistado, aos 30 segundos. Cinco minutos de intenso domínio covilhanense em que, pela direita, Paulinho ia dando trabalho e ameaçando, com um remate cruzado a passar perto do poste direito da baliza de Luís Lopes. Aos 8 minutos, jogada na direita entre Paulinho e Luís Oliveira, com este último a cair na área, num lance que pareceu para grande penalidade, mas a que o árbitro não atendeu. Um minuto depois, primeira paragem, devido ao nevoeiro. E pouco depois, nova paragem. Que, como disse o técnico do Caldas, José Vala, no final, ajudou a equipa, face ao intenso domínio covilhanense. Entretanto, nos Açores, o Oliveira do Hospital ganhava e assim, os serranos estavam despromovidos. Pelo que, aos 38 minutos, se festejou pela primeira vez na bancada do Santos Pinto. O Lusitânia acabava de empatar e, face ao nulo que se registava na Covilhã, os serranos mantinham-se. Só que, cinco minutos depois, “balde de água fria”. No único lance digno de registo dos homens do Oeste, o Caldas marcou. Jogada pela direita, a bola a entrar na área onde Clemente fez um passe atrasado, Miguel Velosa segurou e tocou para Nhayson, em plena pequena área, bater Rafa Oliveira, que nada pode fazer. O Covilhã, nesse momento, voltava a estar despromovido. Seria preciso sofrer… Ainda antes do intervalo, de novo o Caldas a assustar, com Miguel Velosa, lançado em profundidade, a tentar um chapéu que saiu ao lado da baliza serrana.
Na segunda parte, o Covilhã voltou a entrar melhor. Logo aos 49 minutos, boa jogada entre Lucas Duarte e Luís Oliveira (o melhor em campo), com este a assistir Mica que falhou o remate final. Aos 51, Gui Paula, lançado em profundidade, só com o guardião pela frente, demorou muito a decidir e quando tentou o remate, foi desarmado na área, numa soberana oportunidade de golo. Aos 53, duas vezes o Covilhã a ter hipótese de marcar. E nas duas a ficar a pedir penálti. Primeiro, num remate de Lucas Duarte, já na área, com a bola a desviar num defensor contrário, e a ir para canto. O brasileiro protestou, por alegada mão, mas o árbitro mandou seguir. Na sequência, a bola a ficar na pequena área, com vários serranos a tentarem empurrar para dentro da baliza, onde uma muralha do Caldas tirou o esférico, e em que mais uma vez se pediu mão, sem que o árbitro atendesse aos protestos.
Aos 57 minutos, foi a vez de Garcia, de livre, rematar com perigo à baliza do Caldas. Ainda se gritou golo, mas a bola bateu na malha lateral. Aos 62, Lucas Duarte a atirar ao lado, após nova boa jogada do ataque covilhanense, e aos 68, Gui Paula, descaído na esquerda da área, em boa posição, a atirar para defesa de Luís Lopes. Um minuto depois, o golo da alegria. Canto da esquerda, apontado por Diogo Ramalho, e na área, mais alto que toda a gente, o jovem costa-marfinense Konate (grande revelação da segunda parte da temporada), a marcar de cabeça. Estava feito o empate e assim, a Liga 3 era uma realidade. Nos Açores, entretanto, o Lusitânia dava a volta e deixava os serranos mais tranquilos. Até final, o Covilhã defendia o empate, que era suficiente, e quando os dois jogos acabaram houve festa no Santos Pinto.