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Adriano Peixoto: o “Cândido de Oliveira” do Sporting da Covilhã

Carlos Miguel Saraiva

(ex-dirigente/escritor)

No passado dia 9 de maio estreou nos cinemas portugueses o filme “Cândido: O Espião que veio do Futebol”, numa acção que nos transporta aos anos 40 e aborda a vida do multifacetado jornalista Cândido de Oliveira, que foi um dos fundadores do jornal “A Bola”, jogou no Sport Lisboa e Benfica de 1914 a 1920 e fundou, juntamente com outros casapianos, o Casa Pia Atlético Clube, onde se manteve como jogador até 1926. E não fica por aqui o currículo de Cândido de Oliveira, visto que jogou e foi capitão da Seleção Nacional, foi Selecionador Nacional de Futebol em plena II Guerra Mundial, treinou o Sporting Clube Portugal dos “cinco violinos”, onde foi bicampeão nas épocas 1947/1949, e também foi técnico do FC Porto, Académica de Coimbra, CF Os Belenenses e do Flamengo, do Brasil. Atualmente, o seu nome é atribuído ao troféu que abre oficialmente a temporada futebolística, a Supertaça Cândido de Oliveira.

Também o Sporting Clube Covilhã, que de 1948 a 1962 esteve durante treze épocas na 1ª Divisão Nacional, onde alcançou posições de destaque, como um 5º lugar e três 6º lugar na classificação, teve na época 1958/1959 como treinador o jornalista/escritor Adriano Peixoto. O clube serrano, que nestas décadas teve sempre brilhantes treinadores e jogadores de destaque nacional e internacional, tem na sua história esta curiosidade de ter tido, apesar de por poucos meses, um treinador que, segundo a direção da altura intitulava, era “crítico, sabedor e inteligente, estudioso profundo de tudo quanto se liga aos múltiplos pormenores do jogo e absolutamente a par das evoluções tácticas e exigências de toda a ordem do futebol moderno”

Adriano Artur Ferreira Peixoto foi jornalista, crítico e escritor, colaborador do Jornal a “Voz de Coimbra” e diretor da publicação “Seleções Desportivas”, da Editora Atlântida. Escreveu e publicou os seguintes livros: em 1948, “O futebol português e o sistema Herbert Chapman”; em 1951, “Futebol-Problemas de táctica”; e em 1965, “As grandes tácticas do futebol”. Em janeiro de 1963 publicou um artigo sobre a importância do árbitro ser profissional, o que veio a acontecer praticamente sessenta anos mais tarde.

Foi o selecionador da equipa Nacional de Juniores que se estreou em competições internacionais, orientando a formação jovem das “Quinas” nos encontros do VII Torneio Internacional de Juniores, todos disputados na Alemanha no mês de abril de 1956 e onde treinou nomes como José Augusto, Palma, Poeira, Hélder, Ferreirinha Mendes e Paz.

A época 1958/1959 do Sporting Clube da Covilhã foi descrita na altura como um início de campeonato penoso, apesar de na primeira jornada ter vencido o Caldas SC. Porém,  esteve depois oito jornadas seguidas sem conseguir uma vitória, por isso, no fim da primeira volta encontrava-se classificado em último lugar, com sete pontos. Na última jornada da primeira metade do campeonato assume o cargo de orientador técnico Adriano Peixoto, conceituado estudioso do futebol, psicólogo e jornalista, relegando o mister Janos Zorgo para segundo plano do departamento técnico. A equipa começa a ganhar confiança e faz uma boa recuperação, mas na 21ª jornada, já com a equipa fora da zona de descida, Adriano Peixoto incompatibilizou-se com um grupo de sócios que o insultou após o jogo contra o FC Porto no Estádio das Antas, solicitando assim a rescisão de contrato, com Janos Zorgo a assumir novamente o comando técnico, tendo Fernando Cabrita como adjunto. A equipa galvanizou-se e fez bons jogos até ao fim do campeonato, conseguindo no final da classificação um honroso 8º lugar.

Com a saída do técnico Adriano Peixoto, a direção manifestou o seu agradecimento com o seguinte comunicado: “A colaboração de Adriano Peixoto com o Sporting Clube Covilhã foi totalmente desinteressada do aspecto financeiro, demostrando inequivocamente a extraordinária simpatia com nutre pelo Sporting Clube Covilhã, clube mais representativo da região a que o ligam laços de família e gratas recordações de infância”

De destacar também, embora por um período ainda mais curto, outro nome do panorama nacional, Dr. Tavares da Silva, também ele conceituado jornalista e na altura selecionador nacional, que na época 1956/1957 após a saída de Janos Szabo no final da temporada assumiu o comando técnico do Sporting Clube da Covilhã, coadjuvado pelo jogador Fernando Cabrita, tendo pela frente os desafios da Final da Taça de Portugal e os Jogos de Competência, não conseguindo evitar a descida à 2ª Divisão.

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