António Beites acusado pelo Ministério Público

Em causa adjudicação de uma obra em 2018 na barragem de Baságueda

Um crime de prevaricação de titular de cargo político, um de participação económica em negócio e um de falsificação de documento. São estes os crimes com que o Ministério Público (MP) acusa António Luís Beites, devido a um concurso público lançado em Penamacor, quando era presidente daquele município. Segundo o MP, Beites terá adjudicado uma proposta com valores anormalmente baixos e a empresa vencedora não executou toda a obra, o que permitiu arrecadar para si lucros indevidos.

De acordo com a acusação do MP, António Luís Beites, que recentemente foi eleito presidente de Câmara em Belmonte, está acusado destes crimes, em coautoria material, com um ex-funcionário da Câmara de Penamacor, Raul Laranjeira, e o empresário Eugénio Cruchinho. Já a Sociedade António J. Cruchinho & Filhos é acusada da prática de um crime de falsificação de documento. Em causa está o procedimento concursal para a empreitada denominada “Beneficiação da Barragem da Baságueda”, tendo os factos ocorrido nos anos de 2018 e 2019.

A empresa, segundo o documento judicial, apresentou ao concurso uma proposta de 197.494,34 euros (acrescido de IVA), um montante “anormalmente baixo” do valor base do procedimento, que era de 476.855,77 euros. Segundo o relato do MP, os arguidos estariam conscientes da sua ação “ao aceitar e adjudicar uma proposta anormalmente baixa, sabendo que a mesma apenas seria exequível mediante a não execução integral da obra e a violação do Caderno de Encargos e do Projeto”. Entende o MP que a empresa venceu o concurso, mas não realizou todas as obras previstas, dando como exemplo a “carga, transporte, descarga e espalhamento em vazadouro dos materiais escavados”, cujo valor global ascendia a 68.739,05 euros, o que correspondia à remoção e transporte de 68.739,05 metros cúbicos e inertes. Mas pelos dados aferidos na investigação, essa carga não ultrapassou os 29.019 metros cúbicos.

O MP considera assim que o montante de 68.739,05 euros configura “uma poupança de custos e subsequente lucro indevido” pelo que solicita que esse valor seja pago, solidariamente entre os arguidos, vantagem perdida a favor do Estado.

António Luís Beites pode agora incorrer na pena acessória de perda de mandato, por “ter incorrido em grave violação de deveres inerentes a funções de autarca que prejudicaram o erário público e beneficiaram uma sociedade privada que continua a recorrer à contratação pública”. O autarca pode ainda ser “declarado inelegível em próximos atos eleitorais”.

O NC já contactou o atual presidente da Câmara de Belmonte, que disse que quando os assuntos entram no foro da justiça, não tece comentários. Beites adianta que o assunto está agora entregue a advogados.

Esta já não é a primeira vez que, enquanto autarca penamacorense, António Luís Beites é acusado pelo MP, sendo que em dois outros casos (na altura, uma alegada viagem indevida à Turquia e um concurso alegadamente irregular de uma estrada), foi absolvido.

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