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António de Proença

Carlos Madaleno

Historiador

António de Proença terá nascido provavelmente em 1540, no Teixoso, em terras que pertenciam à Casa de Belmonte. Era descendente de uma família nobre, bem representada na região. O antepassado mais antigo que se conhece seria Aires Gonçalves de Proença, partidário de Dona Beatriz contra o Mestre de Avis, razão pela qual terá perdido os seus bens na Covilhã.

Ainda muito jovem, António de Proença tornou-se moço de câmara do Infante D. luís, que era, à altura, Senhor da Covilhã. O seu principal biógrafo, Luís Gonzaga da Silva Leme, na Genealogia Paulistana, comete algumas imprecisões por não conhecer a região, afirma-o então natural de Belmonte Teixoso, da Beira-alta, e moço de câmara do Senhor de Belmonte, o que não corresponde à verdade como atestam vários documentos.

Acometido das paixões da juventude, António de Proença que sucumbira aos encantos de uma jovem noviça, não hesitou em roubá-la do convento onde se encontrava. Foi curta a aventura dos jovens, apanhados pelas autoridades, ela foi enviada de volta ao convento e ele à cadeia da Covilhã e mais tarde degredado para o Brasil.

No Novo Mundo, António refaz a vida. Em 1565, casa-se com Maria Castanho, filha do fidalgo, António Rodrigues de Almeida e vai adquirindo propriedades na Ribeira de Itaporanga, onde desenvolve intensa atividade agropecuária. Dez anos volvidos, em 1575, participa na expedição do capitão Jerónimo Leitão, para combater franceses e tamoios em Cabo Frio. Ganha prestígio. Em 11de maio de 1581, é nomeado meirinho. As suas funções seriam fiscalizar as entradas do Sertão e proteger os indígenas. No ano seguinte, é eleito juiz de órfãos, na Vila de São Paulo, cargo que recusa, alegando ser um degredado. Entre 1584 e 1597, torna-se vereador de São Paulo. No ano de 1585, acompanha de novo Jerónimo Leitão, agora na expedição que se dirigiu por via marítima á Paranaguá. Eleições e nomeações não pararam de cessar. Em 1587, António de Proença é novamente eleito Juiz de órfãos, aceitando o cargo que exerce até 1591.Em 1595 é nomeado capitão das entradas de São Paulo, em 1599, capitão da gente de cavalos da vila de São Paulo e, em 1601, ouvidor e auditor da capitania de São Vicente.

Havia sido ele que, em 1596, financiou a célebre expedição do bandeirante Diogo Mendes Cão, ao Sertão, na capitania do Espírito Santo, em busca de minas de ouro, prata e esmeraldas. Nesta, fez acompanhar o bandeirante por seu filho Francisco que comandou para o efeito um contingente de escravos armados, pertença de António de Proença.

António de Proença teve de Maria Castanho 5 filhos: Francisco de Proença, Ana de Proença, Catarina de Almeida, Izabel de Proença, Maria de Almeida. Faleceu com testamento, em São Paulo, em 1605, e foi sepultado na Igreja do Colégio dos Jesuítas.

Nos autos “De Genere” do seu descendente, Pedro Taques de Almeida, testemunha o bispo da Guarda, D. Rodrigo de Moura Teles, afirmando que: “o dito Proença (António) havia muita nobreza n´aquela comarca, e muitos cónegos e sacerdotes seculares e regulares como o fora Jorge de Proença, secretário do Santo Tribunal da Inquisição de Lisboa”. Da mesma forma, afirmou António Toledo Piza, em 1896, que, em São Paulo, deixou António de Proença “numerosa e ilustre descendência que a História, sem a perder de vista, acompanhou até aos nossos dias.”

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