O desconto de 30% hoje anunciado pelo Governo nas portagens das antigas vias sem custos para os utilizadores (SCUT) são um artifício para não cumprir a promessa de reduções em 2022 e 2023 e de adiar a medida para o próximo ano, considerou a Plataforma P’la Reposição das SCUT na A23 e A25, que anunciou a intenção de continuar a fazer pressão para que o próximo Orçamento do Estado contemple a abolição desse custo.
Apesar de considerar que a diminuição do valor em 30% “é um passo em frente”, o porta-voz do grupo, Luís Garra lembrou que as medidas do Governo estavam previstas até ao verão e concluiu que, pelo tempo esperado, “tudo não passou de um artifício para fugir à redução de 2023 e a levar para 2024”.
“Esta redução é insuficiente, e é insuficiente face às necessidades das empresas e das populações e à urgência em travar o declínio económico e social do interior”, sublinhou o porta-voz da Plataforma que agrega várias entidades da região.
Segundo o representante do movimento, a ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, face às promessas e declarações proferidas, continua em dívida para com as populações do Interior.
“A senhora ministra da Coesão disse em tempos que se sentia em dívida para com o Interior e com esta redução, pelo visto, a senhora ministra gosta de ter dívidas, porque ainda estão por pagar”, referiu o representante do grupo.
A ministra da Coesão Territorial disse, em maio, ter a sensação de estar “sempre em dívida” por ainda não ter conseguido reduzir as portagens, mas salientou que os ministérios envolvidos estavam a trabalhar numa proposta. Ana Abrunhosa lembrou em 19 de maio ter prometido em campanha a redução das antigas SCUT e que essa medida consta no programa do Governo e no OE deste ano.
“Para enfeitar a coisa, ainda recitou os preços de 2011 para dizer que o desconto é de 65%, o que é um malabarismo que não lhe fica bem”, acrescentou Luís Garra, sobre a declaração de hoje da governante, que anunciou a redução do valor nas portagens na A23 (Beira Interior), a A24 (Interior Norte), a A25 (Beiras Litoral e Alta), A22 (Via do Infante/Algarve), a A4 (Túnel do Marão), a A13 e A13-1 (Pinhal Interior).
Luís Garra acrescentou que a diminuição anunciada acaba por dar razão à Plataforma, por “lutar em conjunto com a população, quando outros desistiram”.
“A medida necessária, e a que repõe alguma justiça para o Interior, é a reposição integral das SCUT”, reiterou o porta-voz, que censurou que sobre o anunciado Plano de Mobilidade para o Interior “tenha sido dito zero” e espera conhecer em pormenor o diploma aprovado pelo Governo para a Plataforma tomar “uma posição mais desenvolvida”.
A Plataforma P’la Reposição das Scut nas autoestradas A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda – a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.